tag:blogger.com,1999:blog-39751952096175794722024-03-14T03:25:07.165-03:00O AtemporalTiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.comBlogger91125tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-29456002647056743552014-10-07T09:58:00.001-03:002014-10-07T09:58:58.759-03:00Eleitor traído<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Q66oAFTJi2o/VDPhsZh9ZnI/AAAAAAAAA6c/-78Chuud0hc/s1600/mi_13330552466171073.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Q66oAFTJi2o/VDPhsZh9ZnI/AAAAAAAAA6c/-78Chuud0hc/s1600/mi_13330552466171073.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem que desconfiei daqueles cartazes nas ruas da Avenida
Brigadeiro Faria Lima, 17 de julho de 2013. Havia uma revolta incoerente diante
da ameaça de aumentar a tarifa do transporte público em 20 centavos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Clamavam pela ‘mudança’, mas o medo prevaleceu. Assim devemos
interpretar a aceitação de 57% dos eleitores paulistas que reelegeram Geraldo
Alckmin governador nestas últimas eleições.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na campanha pelo quarto mandato à frente do estado
brasileiro mais rico, não havia nada de ‘mudança’ em seu discurso. Alckmin não
detalhou nenhum projeto para a Educação – assim como não explicou o motivo de
ter <a href="http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2014/02/alckmin-reduz-em-37-verba-para-construir-manter-e-equipar-escolas-estaduais-de-sao-paulo-5405.html">diminuído em 37% a verba para o setor neste ano</a>. </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Desconversou sobre a situação da USP, que está na mais longa greve de sua
história por conta dos <a href="http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/09/alckmin-diz-que-crise-da-usp-vai-passar-assim-que-economia-crescer.html">congelamentos salariais propostos pelos reitores</a>,
comprometendo 105% do orçamento da universidade. </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
ainda não explicou por que recebeu <a href="http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/08/15/alckmin-recebeu-r-4-mi-em-doacoes-de-empresas-acusadas-por-cartel-do-metro.htm">doação de R$4 milhões de três empresas investigadas no cartel do metrô</a>.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alckmin não representa mudança, pelo contrário, está na reta
de um continuísmo nocivo. Deixa São Paulo como está: por debaixo dos panos,
assim como os mais favorecidos gostam, numa dinâmica em que os mais pobres
permanecem distantes de seus locais de trabalho, pegando transportes cada vez
mais cheios numa cidade cada vez mais lotada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O governador não apresentou nenhum projeto que indique
mudança. Tampouco ouviu os manifestantes que exerceram o direito de
reivindicar, defendendo a posição da polícia em reagir com lacrimogêneo e balas
de borracha. Criou uma lei proibindo as máscaras, com dúbio propósito: coibir
possíveis integrantes dos ‘black blocs’ e identificar os revoltosos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De todas as negligências praticadas em seu Governo a mais
agravante é a água. O governador culpa São Pedro pela falta de chuvas, mas
desde que a Sabesp tornou-se empresa de capital aberto, com ações na Bolsa de
Nova York, passou a ser vista como um <a href="http://www.viomundo.com.br/denuncias/governo-alckmin-embolsa-50-dos-lucros-da-sabesp-e-ainda-reduz-investimentos-em-agua.html" target="_blank">ótimo modelo de negócio</a>. Em 2005, seu
patrimônio líquido de R$8,5 bilhões obteve R$1,4 bilhão de lucro líquido. Esse
número aumentou em 2013: com R$12,9 bilhões de patrimônio, lucrou R$2 bilhões,
o que representa 14,9% de seu total. Esses lucros são repartidos entre Governo
e demais acionistas, ou seja, estão fora do montante de investimento.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com a criação do sistema Cantareira, em 1985, 100% da
população paulista era atendida pelo abastecimento de água. Só que, desde
então, a Sabesp e o governo cruzaram os braços e não investiram em novos
mananciais, ignorando o fato de que a população cresceria bastante em todo esse
período. Atualmente, a Sabesp opera às escondidas racionando água nos bairros
mais pobres, <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/08/1498512-sao-paulo-tem-21-milhoes-de-pessoas-sob-racionamento.shtml" target="_blank">afetando mais de 2 milhões de pessoas</a>. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nos debates da TV, quando questionado sobre o que faria
sobre a água, Alckmin claramente mentiu ao dizer que não há crise hídrica.
Tampouco citou a possibilidade de inaugurar outro sistema como o Cantareira,
que está praticamente seco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pior que todos os descasos praticados por Alckmin é a
incapacidade do paulistano de perceber a má gestão há mais de uma década
instaurada no estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alckmin joga os problemas por debaixo dos tapetes, assim
como o estado, que renega aos menos favorecidos qualquer espécie de privilégio.
Pagamos uma das mais caras conta de água do mundo, com o discurso demagogo de
estarmos ‘economizando’. As obras no metrô seguem a passos lerdos: ao fim de
sua atual gestão, <a href="http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/08/01/alckmin-deve-entregar-so-13-das-obras-de-metro-prometidas.htm" target="_blank">entregou apenas 4km de vias férreas ante os prometidos 30km</a>,
conforme promessa feita em 2012.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Portanto, o que posso dizer é que me senti enganado quando
fui às ruas protestar por mudança. Não, o paulistano não quer saber disso.
Prefere manter tudo como está: um naufrágio velado. </span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não esperem a última gota
d’água da torneira para agir.<o:p></o:p></span></div>
Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-24390470944051762362010-05-10T17:20:00.004-03:002010-10-24T18:00:47.702-02:00'Na Mira do Groove', meu novo blog de música<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_5kXDB65OFpQ/TMSQHwXQ9eI/AAAAAAAAAbI/qipoGuoF6dM/s1600/namiradogroove.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="358" src="http://1.bp.blogspot.com/_5kXDB65OFpQ/TMSQHwXQ9eI/AAAAAAAAAbI/qipoGuoF6dM/s640/namiradogroove.jpg" width="640" /></a></div><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Pessoal, para quem não sabe acabo de lançar outro blog, <b><a href="http://namiradogroove.com.br">"Na Mira do Groove"</a></b>, desta vez totalmente voltado para o campo musical, com ênfase em música alternativa e experimental.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A ideia é postar diariamente por lá. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Obviamente o ritmo de postagens por aqui irá diminuir. Como também gosto de escrever e pesquisar sobre política, internacional, tecnologia, televisão e outros assuntos, sempre que tiver vontade (e tempo) dou uma pingada n'O Atemporal.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<br />
Espero que os poucos internautas que visitam esta página deem uma passada no <b><a href="http://namiradogroove.com.br">"Na Mira do Groove"</a></b>, principalmente aqueles que querem estar informados com aquilo que acontece no cenário musical alternativo. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Aguardo a visita de vocês e fico aberto para sugestões, comentários e críticas por lá.<br />
<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-58065753402240523282010-04-30T14:25:00.000-03:002010-04-30T14:25:42.773-03:00Decisão do STF sobre Lei da Anistia é uma aberração jurídica<div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://juizfelipe.files.wordpress.com/2009/06/eros-grau-stf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="500" src="http://juizfelipe.files.wordpress.com/2009/06/eros-grau-stf.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ao manter o texto da Lei da Anistia inalterado, o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou no mesmo patamar torturadores e torturados, o que significa um claro exemplo de retrocesso por parte do Judiciário, e não um avanço como o ministros que votaram a favor defendem.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O julgamento comprova o quanto o Brasil está arraigado aos interesses dos calhordas que só contribuem para o retrocesso do país. <b>Eros Grau</b>, ministro que já sofreu com a tortura durante o Regime Militar e foi o relator do caso, achou melhor enterrar o assunto por acreditar que a Lei da Anistia de 1979 foi imprescindível para a transição democrática do país.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entretanto, a lei precisa de uma revisão porque foi elaborada por torturadores que, tendo em vista que o Regime estava fadado a cair, a usaram como álibi para retornarem à democracia sem serem punidos por seus atos repudiantes.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ou seja, a Lei da Anistia, quando foi editada na época, surgiu como uma faca de dois gumes: se por um lado os ativistas políticos estavam 'perdoados' por seus atos, os militares e torturadores foram legitimados pela violência generalizada contra os opositores. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Maria Amélia de Almeida Teles, integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, certa vez afirmou em um artigo para o "Le Monde Diplomatique Brasil" que "ao colocar no mesmo patamar vítimas e torturadores, o governo criou uma aberração jurídica, inadmissível num Estado democrático de direito".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://www.pressdisplay.com/pressdisplay/showlink.aspx?bookmarkid=BD9YFLA8GQ67&linkid=23fee347-a0d2-4390-a576-b16fb7335088&pdaffid=XzkjnPYLUo7HCvb43IfvoQ%3d%3d"><img src="http://cache-thumb1.pressdisplay.com/pressdisplay/docserver/getimage.aspx?file=20112010043000000000001001&page=6&scale=27" style="float: left; margin: 0px 5px 0px 0px;" /></a>Os ministros do STF não querem se comprometer com o passado histórico do Brasil, mas acabam deixando pra trás uma oportunidade de reforçar os valores democráticos da sociedade. Como bem afirmou o colunista Fernando Rodrigues da Folha, o país "repudia mas não condena", optando pelo caminho da "conciliação e não do confronto" (para ler o artigo, clique na página ao lado). </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entretanto, essa passividade pode se tornar uma conta muito cara em um futuro não muito distante. A sociedade civil não deve aceitar calada essa decisão justamente porque ela negligencia a luta de intelectuais, jornalistas, estudantes e ativistas contra o regime autoritário. Neste caso, não deve haver perdão para ambos os lados - ou a palavra Justiça não faz jus ao seu significado.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Se existe um legado nocivo para a história do país é a falta de comprometimento com a Justiça. Com a decisão de manter o texto da Lei da Anistia como está, o STF desrespeitou o direito de luta da sociedade civil e provou que, não importa qual seja a condição da batalha, os mandatários sempre vencem. Estejam do lado onde estiver.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-12971250727456626132010-04-28T14:11:00.032-03:002010-04-28T14:42:57.358-03:0050 músicas no iPod<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Começou lá com o Daniel Piza, colunista do Estadão. Ele selecionou, descompromissadamente, 50 músicas que <a href="http://www.danielpiza.com.br/interna.asp?texto=2650">entrariam em seu iPod</a>. Não sou muito fã em escolher músicas separadamente: sou um ávido ouvinte de álbuns inteiros. Mas achei tentadora a experiência de colocar 50 canções.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Biajoni também<a href="http://www.verbeat.org/blogs/biajoni/2010/04/50_musicas_no_i.html"> fez uma lista</a> dessas. E muitos outros também.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Abaixo, segue as 50 canções que ando escutando com frequência nos últimos dias. Lembrando que está longe de ser uma lista de álbuns favoritos ou listas definitivas. São apenas canções, em sua essência.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_5kXDB65OFpQ/S9hroluR1vI/AAAAAAAAAYw/ciCedRGMil4/s1600/Imagem1.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" border="0" height="800" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5465236492879255282" src="http://2.bp.blogspot.com/_5kXDB65OFpQ/S9hroluR1vI/AAAAAAAAAYw/ciCedRGMil4/s640/Imagem1.jpg" style="display: block; height: 460px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 580px;" width="700" /></a></div></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Abaixo, as outras 25:</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5465239709707123810" src="http://1.bp.blogspot.com/_5kXDB65OFpQ/S9huj1VzvGI/AAAAAAAAAZA/3EpoAbyRSeg/s400/Imagem2.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 460px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 580px;" /> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Faça você também. É divertido.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-4948261487677365412010-04-23T02:29:00.005-03:002010-05-27T23:25:28.341-03:00O (incerto) futuro dos livros<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.gabrielferreira.com.br/wp-content/uploads/2008/10/livros9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="http://www.gabrielferreira.com.br/wp-content/uploads/2008/10/livros9.jpg" width="640" /></a></div><br />
Hoje, comemora-se o Dia Mundial do Livro, instituído pela UNESCO em 1996 por ser a mesma data da morte de dois dos maiores escritores de todos os tempos: Miguel de Cervantes e William Shakespeare.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O livro ainda é sinônimo de fomento à inteligência, mas, do jeito que as coisas andam, não será por muito tempo. Já participei de muitas discussões sobre o assunto; em muitas delas, prevalecia o tom tradicionalista de que o papel é insubstituível e, portanto, o livro jamais deixaria de sair de circulação. Isso é meio verdade. Afinal, o disco foi mercadologicamente superado pelo CD e mesmo assim permanece à venda.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entretanto, a utilização do vinil hoje em dia é muito mais uma prática saudosista do que realmente uma necessidade de consumo. Com o livro, pode ocorrer o mesmo.<br />
<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Como muitos já devem estar exaustos de saber, o iPad é a nova pata dos ovos de ouro. Com suas vendas a mil, o mercado, obviamente, irá direcionar boa parte da produção literária para esta plataforma. Os usuários mais modernos devem estar adorando este fato, mas isso implica em alguns embargos de propriedade intelectual que podem mudar o modo de comercialização de obras literárias.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Embargos como: quem será o responsável pela distribuição? - Até agora, só se tem notícia de que o Amazon.com detém a maioria dos títulos autorais, já que é um dos principais mercados on-line da atualidade e fecham, com grande vantagem, parceria com os fabricantes de aparelhos como Apple e (posteriormente virá a ser) Google. Isso pode acarretar em um monopólio de vendas, que em nada ajudaria o leitor consumidor.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Com isso, a prática saudosista (como acredito que um dia a leitura de um livro de papel será - posso e espero estar enganado) acaba ganhando forças, o que é uma boa e ainda deixa as grandes livrarias inseridas no mercado. E isso está realmente acontecendo. Recentemente, a <a href="http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/tecnologia/noticia/2010/03/31/livraria-cultura-vende-ebooks-na-web-218056.php">Livraria Cultura iniciou suas vendas de e-books on-line</a>, disponibilizando títulos que saem até 20% mais barato do que se for comprar em papel.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Assim, as livrarias estariam passando a desempenhar o papel de lojas segmentadas on-line, invertendo todo o processo de compra de títulos. Sendo mais barato, consequentemente o autor pode ou não ter prejuízos com a venda da obra. Levando em consideração que apenas uma pequena quantia vai para o seu bolso (o resto para editoras, livrarias e publishers), pode ser uma boa sacada ter uma obra on-line. Mas isso só se provará como uma medida realmente lucrativa se os hábitos de leitura mudarem com a aquisição destes novos aparelhos tecnológicos, como Kindle, iPad e outros e-readers.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Quanto aos livros de papel, para sobreviverem, dependem de inúmeros fatores que independem das inovações tecnológicas. Um deles é o barateamento de obras literárias. Como ainda se vê, infelizmente, no Brasil o livro ainda é inacessível para muitas leitores. Editoras e livrarias lucram a rodo com a venda de títulos que acabam sendo atribuídos a uma elite literária que tem poder aquisitivo para comprá-los.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas o que mantém o otimismo é saber que os sebos estão cada vez mais onipresentes na rede, o que faz com que leitores recorram a eles para adquirirem livros mais baratos. Em minha opinião, esse é o fator nº 1 para a sobrevivência do livro de papel em longo prazo. Com o redirecionamento da produção literária para as novas plataformas, os sebos ficariam bem mais requisitados. Não só pelo saudosismo - mas também pelo grande catálogo de que dispõem - muitas lojinhas de livros usados estão desenvolvendo seu website para alavancar as vendas (como mostra o vídeo abaixo). </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: center;"><object height="405" width="580"><param value="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" name="movie" /><param value="high" name="quality" /><param value="midiaId=1062572&autoStart=false&width=580&height=405" name="FlashVars" /><embed width="580" height="405" flashvars="midiaId=1062572&autoStart=false&width=580&height=405" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" src="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf"></embed></object></div><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O fator nº 2 é a hereditariedade dos hábitos. Por exemplo, se você, leitor de livro de papel, tem contato com as obras literárias desta maneira, consequentemente irá passar para filhos, netos, etc. Isso é meio que óbvio. Mas, o ponto que quero chegar é: o saudosismo ao livro pode fazê-lo resistir diante da brutalidade do mercado em querer investir maciçamente nas novas plataformas.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">E, finalmente, o fator nº 3: se nenhuma das promessas de tendência de leitura e-reader der certo, certamente o livro de papel prevalecerá. Isso é algo impossível de prever, tendo em vista que a maioria dos leitores são de classe média pra cima e geralmente têm ou terá acesso a esses aparatos. Com os padrões mudando, pode ser que o papel se torne mais acessível e garanta que a parcela mais baixa tenha mais contato com as obras literárias.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Como se vê, a permanência do livro de papel é positiva em praticamente todos os aspectos. Ela é mais aceita, inclusive, com a chegada destas novas plataformas. Se o barateamento realmente for o caminho, o mundo poderá ler mais e, consequentemente, o analfabetismo poderá ser vencido. Mas isso, é claro, também depende de políticas públicas e privadas que estimulem a leitura, possibilitem o ingresso das novas tecnologias e tornem o livro de papel um material mais acessível. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span></div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-23922055429528348102010-04-07T22:08:00.001-03:002010-04-07T22:08:30.543-03:00Reflexões que deveriam ser levadas a sério no Dia do Jornalista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://gabrielpenha2.zip.net/images/anuncio_dia_do_jornalista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="560" src="http://gabrielpenha2.zip.net/images/anuncio_dia_do_jornalista.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Atualmente os jornalistas de todo o mundo, principalmente os brasileiros, vivem um momento delicado na profissão. A incerteza do impacto das novas mídias tirou a estabilidade de muitos profissionais, já que a era da internet praticamente dizimou o paradigma do "pague pelo conteúdo", que algumas empresas jornalísticas pretendem resgatar.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Aqui, a lei aprovada ano passado que acaba com a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão causou polêmica, suscitando em reivindicações que até hoje ganham respaldo da imprensa. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Muito se fala do verdadeiro papel do jornalista, que deve ser exercido indubitavelmente com ética, mas, como resistir às tentações? </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Tentações como: pra que ficar conversando duas horas com uma fonte que se materializará em apenas duas linhas da reportagem? Por que se envolver diariamente em leituras densas se ao final do dia terei que entregar o material exigido pelo editor/diretor? Por que dar atenção ao público?</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b><a href="http://www.tiagodoria.ig.com.br/2009/10/12/murdoch-para-leigos/">Rupert Murdoch</a></b>, bilionário dono da Time Incorporation, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo (que inclui os jornais Washington Post e The Times), certa vez admitiu que vê os jornalistas como operários que devem seguir um protocolo para que o jornal ou site saia redondo no prazo estabelecido. Atualmente ele está em <a href="http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/04/07/imprensa34872.shtml">pé de guerra com o Google</a> e pretende cobrar pelo conteúdo informativo de suas publicações.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Alguns estão demorando a entender, mas a profissão de jornalista está passando por uma revolução que não pode ser ofuscada. Qualquer um, hoje em dia, pode ser jornalista. Basta criar um blog, montar uma rede social informativa ou atualizar conteúdo via WAP pelo celular. E isso é muito bom. Afinal, o público não é a maior preocupação do profissional em jornalismo? Quanto mais informação o leitor/espectador/internauta dispor, mais ele se sentirá informado.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Todavia, para tudo há um porém. O excesso de informação está deixando todo mundo meio louco. Embasbacado mesmo. Nem mesmo logado com as redes sociais os internautas se dão conta de tudo o que está acontecendo. Não é que<b> acontece</b> muita coisa; é que <b>noticiam</b> muita coisa. Muito desse material passa longe da triagem de um jornalista.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Portanto, o que resta ao jornalista é o seu nome, a sua conduta como profissional, e isso pode levar um tempo para ser conquistado. Na minha opinião, com a enxurrada de conteúdo postada em todos os meios de comunicação, os receptores ficarão mais atentos com a pessoa que produz o material, e não a empresa de comunicação que está por trás.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Algumas exceções aparecem - o que pode ser bom ou ruim -, mas a pessoa, o jornalista, o indivíduo que escreveu a matéria fica mais exposto com a reportagem ou artigo que assina o nome. Na prática, tal fato deveria contribuir para melhorar a qualidade dos textos escritos - o que em muitos casos realmente acontece. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas bato o pé por algumas falhas que deveriam ser corrigidas. Por exemplo, quando um portal ou mesmo um jornal traz uma <i>hard news</i> (que em jargão jornalístico significa notícia de última hora), deveria colocar a assinatura do profissional que a redigiu, independente se é estagiário, CLT, free-lancer, diretor, presidente... Em muitas dessas notícias se vê a assinatura "Da Redação", que em minha opinião é um verdadeiro exemplo de anti-serviço público. Afinal, como confiar em um conteúdo redigido por alguém que não conheço?</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Acredito que este fato contribui para a preguiça nas redações, já que o profissional se sentirá a vontade de fazer uma triagem pela internet de outras publicações e fazer um Ctrl+C, Ctrl+V para ser publicado o mais rápido possível. E esse método da rapidez é sustentado pelos empresários da comunicação, que cada vez mais mostram que estão se lixando para a opinião pública.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Por isso que hoje, 7 de abril, no <b>Dia do Jornalista</b>, todos os profissionais deveriam repensar a profissão porque ela passa por um momento delicado que exige a reflexão daqueles que fazem a notícia acontecer. Ou as duras palavras de Murdoch podem ser mais verossímeis do que pensamos.</div><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-49454341195299807542010-03-30T16:14:00.001-03:002010-03-30T16:15:37.950-03:00Para quem acha que o rock morreu: escute Them Crooked Vultures<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<br />
<a href="http://fc05.deviantart.net/fs23/f/2009/247/0/4/Them_Crooked_Vultures_v2_by_autoriot.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" src="http://fc05.deviantart.net/fs23/f/2009/247/0/4/Them_Crooked_Vultures_v2_by_autoriot.jpg" width="640" /></a>Creio que todo cidadão tem o direito de mudar de opinião. Às vezes, quando colocamos algumas ideias na cabeça, deixamos de ouvir as vozes divergentes para que nossa opinião ganhe consistência e fique preservada pelo menos no nosso imaginário. Em outras palavras, por teimosia deixamos passar alguns bons momentos para não entrar num conflito com nosso próprio ego.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Quem lê esta página há algum tempo, sabe que vivo argumentando que o <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/07/celebrar-o-que-no-dia-do-rock-o.html"><b>rock morreu</b></a>. Tomando emprestado o clássico refrão de <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/08/ha-20-anos-falecia-raul-seixas-o.html"><b>Raul Seixas</b></a>, justifico minha "Metamorfose Ambulante" com alguns personagens que vêm moldando o ritmo musical da atualidade, como o faz o grupo Them Crooked Vultures.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Não tinha como dar errado. O projeto é tocado por nada menos que grandes mentes do rock atual: Josh Homme (guitarra e vocais), do Queens of The Stone Age, produtor do novo álbum do Arctic Monkeys e uma das grandes influências do gênero na atualidade; Dave Grohl (bateria), frontman do Foo Fighters, parceiro de Homme na gravação de "Songs For The Deaf", do QOTSA, e ex-baterista dos reis do grunge Nirvana; e John Paul Jones, ninguém menos que o baixista da legendária banda britânica Led Zeppelin.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O álbum homônimo do grupo foi lançado ano passado e foi considerado o <a href="http://www.rollingstone.com.br/edicoes/40/textos/4114/"><b>segundo melhor lançamento fonográfico de 2009</b></a> pela revista Rolling Stone brasileira.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Só tem rock pesado. Já inicia com "Nobody Loves Me & Neither Do I", que tem um riff barulhento que foge de qualquer vertente sonora das já exploradas pelos grupos de cada integrante. A maior influência que se vê nesses projetos, talvez, seja mesmo o Led Zeppelin, por razões que dispensam qualquer comentário - afinal, LZ já serviu de força motriz pra muita banda de rock.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Já adianto dizendo que todas as músicas do álbum são boas. As que se destacam são: "New Fang", que inicia com uma bateria pesada à lá Nirvana e é pontuada por riffs pausados que caracterizam o estilo agressivo de Josh Homme nas guitarras; "Elephants", uma faixa visceral que é trabalhada em duas velocidades, dando-lhe um tom de impulsão e, ao mesmo tempo, repulsa; e "Gunman", que começa com um toque meio sulista que relembra trilhas sonoras do faroeste e, abruptamente, cede a uma sonoridade indie que retrata sobre as mazelas da guerra e do pensamento tirânico na pele de um jovem soldado. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Isso sem falar das ótimas "Reptiles", "Bandoliers" e "Scumbag Blues". </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Convido todos os atemporais a ouvirem esse som. Abaixo, Them Crooked Vultures toca "Elephants", nos Estados Unidos:</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: center;"><object height="405" width="580"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ie6FivkEZBo&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/ie6FivkEZBo&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="580" height="405"></embed></object></div><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-15880151047408277922010-03-10T18:18:00.000-03:002010-03-10T18:18:02.734-03:00O feminismo em uma modernidade machista<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mariana se considera uma feminista moderna por contrariar todo o esquema social que há milênios prioriza os homens. Não se conforma com dados historiográficos que enaltecem os heróis masculinos e faz o que pode para reverenciar as figuras femininas que fizeram da vida humana, como ela mesmo define, "algo mais suportável de se aguentar".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Fernando é um cosmopolita de carteirinha, bebedor nato de cerveja forte e vodca russa e um grande apreciador do ato da paquera. Regozija-se com sua moto de 600 cilindradas e gosta de apostar em mega sena acumulada e nos bolões de jogos estaduais. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Eles se conheceram no trem lotado de manhã, após uma conversa informal que questionava o sistema de transporte público.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Pegar trem de manhã é embaçado. Tá certo que é mais rápido e tudo o mais, mas não deixa de ser uma porcaria! - reclamava o ranzinza Fernando, que sempre fazia prevalecer suas vontades quando se achava detentor da razão.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Saíram e acabaram descendo na Avenida Paulista. Descobriram que trabalhavam no mesmo prédio e lamentaram não se conhecer anteriormente, devido ao interesse surgido de um pelo outro no decorrer dos diálogos.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas tudo tem um momento derradeiro; o que realmente pesa na balança é a intensidade de cada falha humana para trazer à tona o sentimento de decepção.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Como você me diz que é a favor das mulheres na política mas não tem nenhuma inclinação a votar na Marina Silva ou na Dilma? Isso me soa patético, como muitos desses argumentos feministas que têm infectado o noticiário .</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Fernando, entenda uma coisa: não é porque sou uma mulher politizada e militante da participação feminina na sociedade que devo dar meu voto a essas candidatas que não têm um projeto que concordo. Acho que você não entende a causa: lutamos por uma sociedade igualitária, onde temos o direito de fazer o que quisermos sem ser questionadas e ainda contar com a igualdade nos escalões sociais. Muito me indigna ver mulheres ganhando menos em empresas, tendo os piores cargos, trabalhando mais que os homens...</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Beleza, mas não custa anda dar um apoio a uma mulher. Significaria uma vitória do feminismo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- E um aprisionamento partidário, tendo em conta que não concordo com o que essas mulheres dizem. Isso também é ser igual.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Então não me venha criticar os homens que realmente mudaram a história - finalizou Fernando, com um gosto de que venceu a guerra contra os argumentos ultrapassados de Marina.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Deve-se pôr em xeque que Fernando estudou em universidade pública e participou de movimentos estudantis. Marina pagou como pôde para ingressar em uma instituição privada que não desfruta do prestígio de uma pública. Políticas de ensinamento à parte, Marina sempre se empenhou para o trabalho e Fernando teve bastante tempo para focar nos estudos enquanto jovem.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Eles trabalham na mesma empresa, mas mal se conheciam. Fernando era Assistente de Marketing há cerca de dois anos e tinha um salário por volta de R$3.000; Mariana era Gestora de RH há quase sete anos e ganhava por volta de R$2.500. Ambos entravam às nove da manhã, mas Marina era responsável por cuidar do treinamento de novos funcionários e dos relatórios a serem entregues para seu superior, que chegava a ganhar quase o triplo de seu salário. Ela saía lá pelas oito da noite, enquanto Fernando saía às seis religiosamente.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Outra vez Marina e Fernando se encontraram, depois de interromperem as relações.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Se as mulheres não têm os melhores cargos, é porque elas não têm capacidade - afirmou categoricamente Fernando.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Sabe por que as mulheres não são iguais aos homens? Porque eles construíram uma fortaleza que impede que elas sejam colocadas no mesmo nível política, econômica e socialmente. Eles detêm o poder. Agora, milhões de anos depois do primeiro homem pisar na Terra, esses direitos são reivindicados. A pressão deve ser feita. As mulheres realmente ainda estão por baixo. Já vi homens que defendem direitos das mulheres mas não abrem mão de seus altos salários para fazer valer a igualdade. Tá rolando muita demagogia com isso aí.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- Eu não abro mão, mas pelo menos admito que tenho um pé no machismo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mariana saiu pensativa. Começou a fazer um retrospecto de todos os homens que conhece e intelectuais que admira para revisar o verdadeiro sentido do termo feminismo. Existe muita demagogia mesmo, preconceito rola a toda parte... o mundo está mudando e ela faz o possível para ser uma das protagonistas dessa transição. O machismo ainda é o grande algoz dessa gestora, mas ela percebeu que lidar com ele é algo que cada vez mais fará parte de seu cotidiano. Afinal, ela trabalha em uma empresa cujo presidente, vice e maioria dos conselheiros são homens.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Talvez o feminismo estivesse preparado para vencer, mas seu campo de batalha cria inúmeros obstáculos para que ele possa iniciar o confronto. Mariana percebeu isso nos argumentos sinceros de Fernando, apesar de não compreender como o machismo ainda se faz presente no discurso moderno. Pode ser que tudo gire em torno de uma futura igualdade, mas Mariana é esperta o bastante para saber que só a sustentação dessa utopia não deixa de ser uma ilusão difundida pelos 'machistas modernos'. Afinal, os argumentos mudam mas a situação continua a mesma.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">No dia seguinte, Mariana se deparou novamente com Fernando e fez questão de não tocar mais no assunto do feminismo. Afinal, ela decidiu se conformar, pois chegou a conclusão que o machismo ainda dita as diretrizes para a permissividade do feminismo. Sua causa estava praticamente fadada à derrota e ela decidiu que era hora de seguir em frente, assim como se estivesse se superando de um relacionamento.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">- E aí Fernando, podemos assistir aquele futebol juntos e tomar uma cerveja gelada depois do expediente?</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">---------------------------------------------------------------------------------------------------------</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i>* É com pesar e atraso que declaro um Feliz Dia Internacional às mulheres de todo esse globo, apesar de achar que todos os dias deveriam ser dessas pérolas, que fazem nossas medíocres vidas serem mais suportáveis. </i></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-35378840152765671772010-02-22T18:06:00.002-03:002010-02-22T18:12:33.574-03:00Dilma Rousseff e o 'Estado forte'<div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://www.casacivil.planalto.gov.br/wp-content/uploads/31082009G00042.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="http://www.casacivil.planalto.gov.br/wp-content/uploads/31082009G00042.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">No pronunciamento de sua pré-candidatura, Dilma Rousseff pregou a necessidade de um Estado forte e reaparelhado. Os principais jornais do país (<a href="http://www.pressdisplay.com/pressdisplay/showlink.aspx?bookmarkid=XO9K10WN2W3&preview=magnifier&linkid=ba23cfc0-d3e1-4140-ad4c-e8a6de0a94ce&pdaffid=XzkjnPYLUo7HCvb43IfvoQ%3d%3d"><b>O Globo</b></a>, <a href="http://www.pressdisplay.com/pressdisplay/showlink.aspx?bookmarkid=4OOFENBPWJ08&linkid=d21a71dd-e215-4f5e-9ca2-3d3fb2e24f80&pdaffid=XzkjnPYLUo7HCvb43IfvoQ%3d%3d"><b>O Estado de S. Paulo</b></a> e a <a href="http://www.pressdisplay.com/pressdisplay/showlink.aspx?bookmarkid=BQQM6S9CWUD1&linkid=73f72a76-8534-4714-9381-b08f2ffafbf7&pdaffid=XzkjnPYLUo7HCvb43IfvoQ%3d%3d"><b>Folha de S. Paulo</b></a>) não perderam a oportunidade de estampar a declaração em suas manchetes. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Neste caso, é necessário relembrar que o Estado tem, sim, papel fundamental na construção da cidadania e na consolidação da democracia. Ora, como determinados setores sociais podem avançar sem o aval e o investimento do Estado? Como uma nação pode se considerar progressiva e desenvolvida sem que o governo auxilie sua população a ter acesso a bens de educação, saúde, lazer e emprego?</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Da forma como os jornalões noticiaram, dá a entender que Dilma Rousseff, por ser uma candidata que não desfruta da mesma personalidade extrovertida de Lula e por ter-se envolvido em questões militares enquanto lutava contra a Ditadura (como o sequestro do embaixador norte-americano), pode estar inclinada às decisões radicais, contrariando o jogo do neoliberalismo que ainda alarga os sorrisos do setor empresarial.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A fortificação do Estado foi o argumento utilizado pelos militares para a manutenção da 'ordem' no país enquanto a repressão comia solto. O papel do Estado também foi fator decisivo para as políticas implantadas por Getúlio Vargas antes, durante e depois do Estado Novo, em 1937. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Há várias ressalvas a serem feitas quando se fala em 'fortalecimento do Estado'. Prendendo-me ao discurso e não às idiossincrasias da candidata, um Estado autônomo tem o dever concreto de facilitar, fazer acontecer, presenciar e administrar corretamente cada delegação a que está incumbido. Esse é o seu papel fundamental.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ao contrário de alguns exemplos, não é um Estado forte que determina que setores devem ser 'estatizados', tal qual Venezuela, ou que as principais obras de infra-estrutura devam ser realizadas pelo orçamento estatal. Em alguns casos, pode-se dizer que há 'abuso de Estado', mas sua simetria é absolutamente relativa, pois cada nação tem necessidades diferentes. Explico: se o Estado não tem condições de garantir o bem estar de seus cidadãos, deve contar com o apoio da iniciativa privada para obras de infraestrutura, por exemplo, e reservar seu orçamento para investimentos mais urgentes, como saúde básica.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">No jogo do capitalismo, um Estado forte deve valorizar, também, a iniciativa privada. Afinal, é ela que garante investimentos exteriores e a remessa de grandes fluxos de capital, que contribui para a melhora econômica do país. Entretanto, o Estado deve garantir que o direito dos cidadãos devem ser priorizados, mesmo que medidas mais ousadas tenham que ser tomadas.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>O QUE A CRISE NOS ENSINA</b></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A crise econômica de 2008-2009 provou de vez que as amarras do neoliberalismo podem ser nefastas. Deixar a economia gerar por ela mesma suscitou no maior rombo financeiro global desde o "Crash de Nova York", de 1929. O descaso estatal nas operações financeiras e nos rumos econômicos da nação foi a força motriz para que a bolsa despencasse.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Todavia, temos a <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Chineses"><b>China</b></a> crescendo normalmente, com seus 10%, mesmo com uma recessão global. E aí caímos naquele paradigma: por quê? Ora, pela onipresença do Estado. Muitos podem argumentar que a China explora seus trabalhadores, mantém uma política repressiva e tudo o mais. Mas, gostaria que me explicassem o fenômeno: como, em 1978 (com Deng Xiaoping), um país hegemonicamente agrícola conseguiu tirar da miséria, de uma só vez, mais de 300 milhões de chineses? Com uma forte política de Estado, que há décadas é mantida na China.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Nos Estados Unidos, Barack Obama mantém uma política de Estado forte - e algumas vezes necessariamente interventor - para que o país saia o quanto antes da recessão econômica. Cede empréstimos a bancos e indústrias automobilísticas para que o setor privado também se fortaleça. Nesse caso, vemos que é possível, sim uma progressão do público e privado sem que interesses diretos entrem em conflito. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Quando falo de Estado forte, digo que deve haver, sim, uma sincronia com o setor privado, a partir das necessidades de sua nação. Pelo Brasil, digo que essa dinâmica é bem trabalhada. Mas ainda falta muita fiscalização e mais independência.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Pois, quando o Estado enfraquece e, consequentemente, o investimento privado aumenta de forma exponencial, alguma coisa está errada. O Estado fica dependente e, as decisões que lhe cabem, são automaticamente tomadas por outros. O que não quer dizer que o Estado tem o direito de silenciar vozes da oposição, limitar iniciativas privadas ou calar a imprensa. Longe disso. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O Estado tem o dever de fazer valer a voz da população, pois ele é a sua representação máxima. E, se a voz do povo está fortemente representada, nenhum direito pode ser deturpado e nenhum interesse individual pode estar acima dos rumos da nação. Não se pode confundir Estado com políticas individuais. Ou o seu sentido perde-se completamente em discursos camuflados.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-17087707333702722682010-02-19T00:53:00.001-02:002010-02-19T00:54:33.231-02:00'Atemporalizando' completa 1 ano<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://vivaoclassico.files.wordpress.com/2009/12/fogos_de_artificio-5069.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://vivaoclassico.files.wordpress.com/2009/12/fogos_de_artificio-5069.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">É com atraso que informo aos leitores desta página que o "Atemporalizando" completou 1 ano no dia 12 de fevereiro (sabe como é, Carnaval... 2010 começa praticamente agora). </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Já sentei e elaborei inúmeros esboços antes de criar esta página, colhendo frutos de dois blogs malsucedidos que não duraram nem meio ano na blogosfera. Diferente dos outros, o "Atemporalizando", de certa forma, angariou mais leitores (aquela meia dúzia fiel, mas que está sempre opinando) e tratou de vários assuntos. Apesar de <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Musica"><b>Música</b></a> ser o tema que mais rendeu postagens, já escrevi sobre <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Politica"><b>Política</b></a>, <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Urbano"><b>Urbanidade</b></a>, <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Internacional"><b>Internacional</b></a>, <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Internetl"><b>Internet</b></a>, <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Jornalismo"><b>Jornalismo</b></a> e até <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2010/01/big-brother-invade-esfera-do-privado-e.html"><b>Big Brother</b></a>. A falta de um tema único editorial pode refletir a inconsistência dos 'page ranks' de um blog que, na verdade, não passa de subterfúgios textuais de um autor simplório.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Também aprendi bastante com esta página. Foi com ela que comecei a fuçar em linguagem HTML, procurar novos layouts, testar novos aplicativos. Confesso também que já roubei muitas ideias de blogs afora, como widgets do <a href="http://www.afroencias.com.br/"><b>Afroências</b></a> ou estilo textual d'<a href="http://www.idelberavelar.com/"><b>O Biscoito Fino e a Massa</b></a>, entre muitos outros.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entretanto, daqui pra frente pretendo colocar algumas pequenas mudanças nesta página. A começar pelo nome, "Atemporalizando", que soa bem complicado. Ah, pra quem não sabe, a origem deste nome veio do nada, vagou pela mente mesmo. Sempre gostei de trabalhar com as ideias fora de seu tempo, escrever sobre artistas que morreram há 32 anos, 6 meses e 24 dias atrás ou analisar um evento que está fora da discussão global no momento. Algumas vezes me deleitei nessas incursões atemporais, como a <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/05/um-mergulho-na-futurologia-de-ray.html"><b>possibilidade futurológica de Ray Kurzweil</b></a> ou um apanhado geral sobre as <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Punk"><b>principais bandas punk de "Mate-me Por Favor"</b></a>, que se tornaram o début deste blog com mais de dez postagens. Desnecessário dizer que poucos conheciam o blog naquele momento e muitos que aqui pingam nem chegaram a ler a influência de <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/02/inicio-do-punk-descascando-rejeicoes.html"><b>Velvet Underground</b></a> e <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/02/inicio-do-punk-iconoclastia-versus.html"><b>The Doors</b></a> no punk rock até o auge e a decadência do movimento com <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/03/ramones-e-diluicao-atomica-em-busca-da.html"><b>Ramones</b></a>, <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/03/nunca-literatura-e-poesia-estiveram-tao.html"><b>Patti Smith</b></a>, <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/04/13-e-ultima-punk-rock-de-protesto.html"><b>The Clash</b></a> e <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/04/12-anarquia-e-um-pouco-de.html"><b>Sex Pistols</b></a>.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Há algumas semanas venho tentando obter um domínio, mas está tão complicado... alia-se a isso minha falta de tempo e já se viu! Entretanto, pretendo deixar o mesmo layout, os mesmos widgets, o mesmo esquema de postagem... Na verdade, "Atemporalizando" é um nome horrível; pronunciá-lo, às vezes, me dá náuseas. Pra não mudar muita coisa pensei em deixar "O Atemporal", que de certa forma não altera as diretrizes ideológicas da página.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Enfim, fico aberto a sugestões. Mudar o nome também facilitaria pesquisas no Google, o que de fato atrairia mais leitores. Não sei quanto tempo demorarei para aplicar tais mudanças, mas adoraria de receber dos leitores algumas sugestões a mais.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Enquanto isso, celebro o aniversário desta página com uma lata de cerveja na mão expandindo, na medida do possível, minha mente à imensidão, como já dizia o bom e velho <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/07/da-lama-ao-groove-do-groove-ao-mundo.html"><b>Chico Science</b></a>. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Saúde a todos e, agora sim, um bom 2010!!!!!</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-17134130310173920762010-02-09T23:50:00.000-02:002010-02-09T23:50:23.388-02:00Por que a África está fora do jogo global (ou 'O colonialismo do século XXI')<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><a href="http://mundopossivel.files.wordpress.com/2009/09/842656_38973414.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="http://mundopossivel.files.wordpress.com/2009/09/842656_38973414.jpg" width="640" /></a><span style="font-size: x-small;">Tribo Maasai, que habita entre o Quênia e o norte da Tanzânia</span> </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ainda hoje o continente africano é tratado como se fosse um subcontinente, um fardo dos países industrializados, uma pecha do sistema capitalista que não tem condições de fazer parte do 'jogo democrático'. Muitos levam a sério aquela frase segregacionista cunhada pelo célebre ex-presidente francês Jacques Chirac: "a África não está madura para a democracia".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entretanto, é fácil cairmos nessa anedota ao depararmos com a situação de países como Niger, Congo ou Togo. Afinal, os antigos colonizadores africanos são os verdadeiros responsáveis pelas calamidades que hoje rondam o continente - assim como aconteceu com o <b><a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2010/01/haiti-entre-demagogia-o-caos-nas.html">Haiti</a></b>.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A jornalista francesa <b><a href="http://diplo.uol.com.br/_Anne-Cecile-Robert_">Anne-Cécile Robert</a></b>, especialista em relações europeias com a África, publicou no <i><a href="http://diplo.uol.com.br/">"Le Monde Diplomatique"</a></i> (que teve uma tradução para a publicação brasileira - muito boa, por sinal) uma reportagem sobre os rumos democráticos do continente na década de 2000. Em sua apuração, relatou que a democratização à africana é delegada de clientelismos e opressão aos adversários. Tudo isso sustentado pelas colônias francesas e americanas.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O ex-ministro do Togo Atsuste Kokouvi Agbobli, que fora encontrado morto numa praia em 2008 (provavelmente assassinado), fez um importante e reflexivo questionamento: "É possível democratizar países dominados pelo estrangeiro?". </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Vale ressaltar que o domínio estrangeiro ainda presente na África decorre de sua abundância em bens naturais. Essa elite exploradora, para sustentar seu domínio, faz o que pode para bagunçar as nações, promovendo governos tirânicos que suscitem em violentas guerras civis. Assim, abstratamente o grupo estrangeiro pode reforçar seu tom acalentador e explorar à vontade o rico território africano. Um militante do Congo testemunha: "Em meu país, onde a empresa de petróleo Elf exerceu por muito tempo papel dominante, não hesitando em apoiar um golpe de Estado, existe a legitimidade democrática e a legitimidade petrolífera".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Segundo Anne-Cécile, "as populações perdem a confiança nos partidos e, diante da descrença na democracia, militares se colocam como justiceiros e a rebelião armada se torna uma solução lógica".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Nesse jogo de onde o mais forte faz o que pode para enfraquecer mais ainda os que não têm poder, nações inteiras são comprometidas pelas tiranias dos golpes de Estado patrocinados. Em 1961, o serviço secreto belga e a Central Intelligence Agency (CIA) articularam o assassinato do primeiro-ministro do Congo independente <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrice_Lumumba"><b>Patrice Lumumba</b></a>, o primeiro a declarar que a África tinha que se desvincular economicamente da Europa. Na Burkina Faso, o mesmo episódio se repetiria: o primeiro-ministro <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Sankara"><b>Thomas Sankara</b></a> seria assassinado em golpe de Estado organizado pelas redes Françafricanas em 1987.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Diante deste cenário, percebe-se que o presente da África é resultado de um continuísmo da repressão europeia do passado. Apesar dos inúmeros avanços democráticos e humanistas no continente, como a chegada de <a href="http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u722.jhtm"><b>Nelson Mandela</b></a> à presidência sul-africana - pondo fim a décadas de segregação racial do <i>apartheid</i> -, a participação de todos os partidos políticos nas eleições presidenciais do Togo e a alçada ao poder dos civis após dura ditadura no Mali, o continente ainda sofre com, segundo termos da jornalista, "processos malconduzidos". Na verdade, são tentativas de manter a estabilidade das nações após a intervenção estrangeira. Quanto a isso, a comunidade internacional prefere nem abrir os olhos; negligencia, para não por em xeque sua parcela de culpa.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Intelectuais africanos defendem uma nova unidade fortificada do africanismo para escapar do domínio estrangeiro. O escritor camaronês Celestin Monga diz que o continente "sofre de quatro déficits profundos que se reforçam mutuamente: déficit do amor-próprio e da confiança em si; do saber e do conhecimento; da liderança; e da comunicação".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Já o escritor queniano Firoze Manji é a favor do papel das novas tecnologias na formação à distância sobre "assuntos variados como a defesa dos direitos humanos, a prevenção dos conflitos ou o papel da mídia". Ele aposta nas novas gerações, os "cheetah", "que não sofreram os traumas da colonização e nem querem ouvir falar deles".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Seria necessário uma mobilização popular africana para romper com a dependência europeia e americana, mas, quem garante que as superpotências não revidarão com mais força? </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Em tempos de Copa do Mundo na África, essa é uma questão que deve, sim, entrar em pauta.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">** (Referência: Anne-Cécile Robert, "África, entre a democracia e os resquícios autoritários", <i>Le Monde Diplomatique Brasil</i>, fevereiro de 2010, pg. 31.)</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-64244656655165974282010-02-04T13:59:00.000-02:002010-02-04T13:59:43.008-02:00O que acontece com a Itália?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://213.215.155.40/media/2010/01/20100130_180048_797A8F60_medium.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://213.215.155.40/media/2010/01/20100130_180048_797A8F60_medium.jpg" width="498" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Algo estranho paira sobre a Itália. Difícil é interligar tudo isso com a ressaca pós-recessão econômica, crise de identidade do sistema capitalista ou mesmo com a revolução cultural dos anos 2000 com a virose informativa da internet.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Justo a Itália, que sempre fora conhecida como o berço da civilização mundial, mesmo que a custo de muito sangue e violência na Roma Antiga. Ou aquela Itália que atingiu a aura de sua fase artística com o Renascentismo de Michelangelo, Leonardo Da Vinci e Rafael. Ou, ainda, aquela Itália que trouxe novos rumos para o Cinema Mundial com as obras de Fellini, Vittorio de Sica, Paolo Pasolini e Roberto Rosselini. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas, não, de todas as facetas italianas, a tecnologia provou que os jovens patrícios preferem rememorar os discursos do ditador Benito Mussolini, que criou o fascismo e deu margem para o fanatismo nazista que se propagou pela Alemanha, originando a Segunda Guerra Mundial. Segundo <b><a href="http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u689269.shtml">reportagem da Folha On-line</a></b>, o aplicativo do iPhone que reproduzia os discursos de Mussolini bateu os recordes de downloads na Itália. Entretanto, o material foi retirado de venda por problemas de direito autoral. (Mas pode voltar a ser vendido se o problema for resolvido.)</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entre os discursos mais baixados, estava o que Mussolini pronunciou em 1938 em Trieste sobre a hegemonia do europeu, de cunho racista.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Soma-se a esse espectro o fato de que a popularidade de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da direita que esporadicamente é comparado ao ditador fascista Mussolini, <b><a href="http://oglobo.globo.com/.../popularidade-de-berlusconi-sobe-apos-agressao-diz-pesquisa-de-opiniao-915294499.asp">elevou sua popularidade</a></b> em dezembro de 2009 de cerca de 48% para quase 56%, principalmente após um golpe violento que recebera de um enfermo que, segundo as autoridades, "não tinha seu juízo perfeito".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Hoje, o jornal argentino <b><a href="http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-139553-2010-02-04.html">Página 12 noticiou</a></b> que Berlusconi, que tem amplo apoio na Câmara dos Deputados e no Senado, foi absolvido por não comparecer ao tribunal em que era processado por fraude e corrupção. O político líder da oposição Pierluigi Bersani ironizou o caso: "Até hoje, um primeiro ministro acusado que não comparecia a um processo devia justificar suas razões. A partir de amanhã, pode faltar ao tribunal porque deve trabalhar tranquilamente".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Juntando todos esses fatos, a única conclusão que pode se chegar é que algo estranho está acontecendo na Itália. É perigoso argumentar que uma possível ascensão do fascismo esteja ocorrendo, mesmo que debaixo dos panos, pois nenhum fato concreto aponta para este sentido. Talvez a recessão econômica, assim como aconteceu com o crash da bolsa de Nova York em 1929, dê margem para maior protecionismo nas transações comerciais e, posteriormente, possa criar movimentos nacionalistas mais intensos, assim como ocorreu com a ideologia fascista na Itália em 1933 - quatro anos após a crise.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ainda é cedo para manifestar qualquer opinião. Enquanto isso, espero que os aplicativos italianos para iPhone também valorizem as cenas cinematográficas de Fellini, os quadros barrocos de Caravaggio e as esculturas renascentistas de Michelangelo. Já dizia Eric Hobsbawm, no seu clássico "Era dos Extremos", que a memória é a maior virtude da História. Foi a ausência da memória que desencadeou numa série de conflitos civis que marcaram o 'breve século XX'.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Talvez agora o cuidado que se deva tomar seja outro: deve-se precaver para que não haja uma <b>'distorção da memória'</b>. Ou todos os tristes eventos do século passado podem se repetir, da forma mais catastrófica possível.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-46931946157672741342010-02-02T21:46:00.001-02:002010-02-02T21:47:38.304-02:00Grandes Álbuns #6: Rage Against The Machine (homônimo)<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://userserve-ak.last.fm/serve/_/12970697/Rage+Against+the+Machine+Rage.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="612" src="http://userserve-ak.last.fm/serve/_/12970697/Rage+Against+the+Machine+Rage.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">"Killing in The Name", certamente, é a música de rock que mais ouvi na vida. Foi ela que me introduziu às batidas pesadas, às letras revolucionárias, aos vocais estridentes e à performance verborrágica de um dos maiores vocalistas que já ouvi, Zack de la Rocha.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Não é a toa que esta canção é a principal do álbum homônimo de Rage Against The Machine, o primeiro que lançaram, em 1992. Lembro que quando comecei a escutá-lo, sempre me apoiava nas letras dos encartes. Justamente "Killing In The Name", a música que mais gostava, não tinha a letra reproduzida - o que me instigava a apertar o "Repeat" incansavelmente na tentativa de captar o sentido da canção.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Só a introdução melancólica do bumbo do baterista Brad Wilk já lançava o tom sórdido da canção. Eis então que entra a síncope do baixo de Timmy Commeford introduzindo o riff inicial da guitarra do cientista político formado em Harvard, Tom Morello. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A letra é absolutamente politizada, como todas as canções do RATM. Fala da submissão generalizada dos cidadãos àqueles que dizem ter lutado em prol da liberdade de todos, usando como justificativa as "badges", ou medalhas honorárias. O termo "They are the chosen whites" <i>["Eles são os brancos escolhidos"]</i> remonta à sociedade separatista construída pelo eurocentrismo. E olha que no grupo não há nenhum negro - todos são brancos, "escolhidos" ou não.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Outro tema recorrente nas letras de RATM é a violência, seja a opressão do Estado ou o instinto animal predominante daquele que não teve escolhas na vida. "Bullet In The Head" é a pura síntese disso. O Estado é o controle máximo de uma sociedade e não hesita em usá-la como cobaia de suas invencionices, até que um dia eles lhe enviam uma bala na cabeça. "They say jump / and you say how high / your brain dead / you gotta a fuckin' bullet in the head" <i>["Eles mandam pular / você diz o quão alto / seu cérebro apaga / você recebeu a porra de uma bala na tua cabeça"]</i>.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mais de todos os temas que intrigam Zack de la Rocha e companhia o que mais se faz presente é a alienação, como também pode ser percebida nas duas canções citadas. Em "Know Your Enemy", os riffs característicos de heavy metal são a base do fervor de um cidadão que nasceu sem escolhas e que se mostra irritado com todo o aparelho estatal. Para ele, os inimigos são 'todos aqueles que me ensinaram a lutar comigo mesmo'. Quem, afinal? "All of which are American dreams"<i> ["Todos eles são os sonhos americanos]</i> - uma evidente crítica à hegemonia americanista e ao povo que sucumbe aos ideais dos mandatários norte-americanos.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
Das referências musicais, pode-se dizer que o RATM é bastante influenciado pela afronta social do <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2010/01/grandes-albuns-5-public-enemy-it-takes.html"><b>Public Enemy</b></a> e dos preceitos do hip hop em geral; das guitarras barulhentas e da politização das letras do Living Colour, Bruce Springsteen e Cypress Hill. Também pode-se perceber o vazio niilista fortemente disseminado pelo punk rock, principalmente da estética criada pelos <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/The%20Stooges"><b>The Stooges</b></a>. (Antes da dissolução do grupo, em 2000, eles gravaram covers dos artistas que mais lhe serviram de influência, incluindo canções de <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/05/aquele-fatidico-16-de-maio.html"><b>Bob Dylan</b></a> e Afrika Bambaataa).</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A liberdade de pensamento (influenciada pelo pensamento de <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/07/amazon-cancela-e-books-de-orwell-sem.html"><b>George Orwell</b></a> no livro "1984") é o tema de "Freedom", a incitação às revoltas populares nos moldes do idealismo de Che Guevara marca "Township Rebellion", o ato punk de destruir tudo que se vê pela frente está explícito em "Bombtrack" e o clamor dos rappers de lutarem pelo seu papel na sociedade é evidente em "Take The Power Back". Os instrumentistas, principalmente o exímio guitarrista Tom Morello, conseguem assimilar o tom nervoso dos vocais, trazendo sonoridades que instigam a revolta, a vontade de se libertar de algo ou mesmo o simplório hábito de pular do chão.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">De forma direta, influenciados pelo som pesado do rock e do hip hop e revoltados com a onipresença do comodismo com o passar das eras, munidos de microfone, guitarra distorcida, baixo com o grave no talo e bateria marcando o compasso rítmico, Rage Against The Machine alçou, sem paralelismos, um lugar de destaque no rock pós-anos 80. </div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Aliás, foi graças a este álbum que me interessei pelo ritmo, pelas causas sociais e pela leitura de Karl Marx. Ainda hoje, consigo escutá-lo como se fosse a primeira vez e digo: ainda dá para extrair muita coisa.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: center;"><object height="405" width="580"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/SfZGUdcBBLc&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/SfZGUdcBBLc&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="580" height="405"></embed></object></div><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-6369557011597262512010-02-01T13:51:00.000-02:002010-02-01T13:51:00.862-02:00São Paulo, essa terra do tão distante<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.baixamais.net/resources/wallpapers/cidades/JLM-NatGeo-Sao%20Paulo%20%2818%20million%29.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="http://www.baixamais.net/resources/wallpapers/cidades/JLM-NatGeo-Sao%20Paulo%20%2818%20million%29.jpg" width="640" /></a></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Em minhas andanças pelo Brasil adentro, cheguei a conhecer muitas pessoas que tinham interesse em pelo menos conhecer ou passar uns bons dias em São Paulo. Meus parentes nordestinos que vieram da Zona da Mata de Pernambuco para tentar ganhar a vida na capital paulistana gostam de trazer outros conterrâneos para trabalhar por essas bandas. Segundo eles, aqui é a 'terra do dinheiro'.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ao mesmo tempo que vêm pra cá, eles se sentem reclusos diante da grandeza desta cidade. Quando moravam no interior do Nordeste, se sentiam livres para se deslocarem para onde quer que fossem: podia ser a pé, de bicicleta, nos carros-de-boi, motocicletas... de algum jeito chegavam a seus destinos.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Rogério - nome fictício para se referir a um primo meu que mora em Sampa - mora na região de Parelheiros (Zona Sul) e trabalha seis dias por semana em uma metalúrgica. Trabalha um dia no final de semana para compensar com hora extra o pouco salário que ganha. Já vive por aqui há mais de quatro anos. Certa vez, quando dei uma passada em sua casa, mencionei que ia dar uma volta na Avenida Paulista para encontrar uns amigos e ir para a Rua Augusta. Tímido, ele comentou que devia ser muito bonita a paisagem de lá. Sem hesitar, chamei ele para vir comigo e ele apressou-se em colocar a melhor roupa que tinha.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ele ficou deslumbrado com as pessoas que circulavam no local, com os prédios de arquitetura moderna e todo o clima que envolve a Av. Paulista. De tanta informação, ele não conseguia descrever o que sentia passeando por aquelas calçadas.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entrando nos bares, lanchonetes e regiões comerciais de lá, ele percebeu que a maioria dos trabalhadores ainda preservava um sotaque nordestino. Expliquei que são poucos os paulistanos de raiz que existem. Geralmente, aqueles que o são, fazem o que podem para viajar no final de semana porque não aguentam o trânsito caótico ou o clima instável. É como dizia o Caetano Veloso na letra de "Sampa": aqui é a terra dos "novos baianos" e eles "podem te curtir numa boa".</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Rogério me disse que muitos colegas de trabalho não sabem informar onde chegar em determinados locais. "Como pode uma pessoa morar em uma cidade e não saber dar uma informação?" Respondi que é pelo fato da cidade ser grande demais, uma das maiores do mundo. "Mas, mesmo assim, a gente vê que às vezes um cara sabe dar a informação mas não dá por preguiça de falar, pela pressa, sei lá". É a tal hostilidade típica do cidadão apressado de São Paulo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">De qualquer forma, eu mesmo não conheço muitos lugares desta cidade. Para quem não tem como se deslocar com um transporte particular, tudo é muito distante. De fato, a deficiência do transporte coletivo é um empecilho para desfrutar de cada espaço que São Paulo oferece. Rogério tem a oportunidade de conhecer muitas coisas, mas fica retraído porque sabe que as pessoas não são de confiança e sabe que o ônibus pode deixá-lo na mão. Ainda tem que andar de mãos dadas com algum ser citadino que tenha paciência de apresentar a cidade. E olha que ele mora aqui há quatro anos!</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">São Paulo, muito além de ser a terra das oportunidades, é uma terra onde <b>só quem tem dinheiro</b> pode aproveitar. Como se já não bastasse a adaptação a um ambiente de estresse e correria, Rogério ainda tem o desafio de se enquadrar nos parâmetros sociais desta cidade para encontrar algum tipo de diversão. Por mais que reclame do preço do feijão, da cerveja e da passagem de ônibus, faz o que pode para não passar os dias de folga enfurnado assistindo Faustão. E, para isso, não adianta: tem que coçar o bolso e ter coragem para enfrentar pelo menos uma hora de transporte para chegar aonde deseja.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>*</b> É com atraso, mas pode considerar este post meu 'presente' pelo aniversário de 456 anos de São Paulo.</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>**</b> Sei que letra é de Caetano, mas prefiro escutá-la na voz de Gilberto Gil. No vídeo, a música é cantada na gravação de seu álbum ao vivo "Unplugged", de 1994:</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><object height="405" width="545"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/kSonePp0QwE&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/kSonePp0QwE&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="545" height="405"></embed></object></div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-86604930032512352842010-01-20T15:15:00.001-02:002010-01-20T15:17:25.457-02:00Haiti entre a demagogia, o caos nas doações e um crédito histórico que provavelmente não será debitado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.elpais.com/recorte/20100119elpepuint_17/XXLCO/Ies/20100119elpepuint_17.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" src="http://www.elpais.com/recorte/20100119elpepuint_17/XXLCO/Ies/20100119elpepuint_17.jpg" width="640" /></a><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Créditos da imagem: <b><a href="http://www.elpais.com/fotogaleria/tragedia/ojos/PAIS/elpgal/20100117elpepuint_1/Zes/2">Gorka Lejarcegi</a></b> (Jornal El País)</span><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A catástrofe que ronda o Haiti é um claro exemplo para definir qual o papel de cada comunidade no mundo. Diante dos destroços e da triste calamidade, o que se vê é oportunismo em excesso para ver quem contribui mais no 'Show da Doação' do Haiti.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O problema não é a filantropia, mas o que está por trás dela. No momento em que a tragédia se tornou o epicentro dos noticiários, a China, país que mais cresce na atualidade, não poupou esforços para anunciar um envio de US$15 milhões aos haitianos. Para não ficar pra trás, Estados Unidos apressou-se em enviar auxílio financeiro, seguido da Comunidade Europeia.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Dá a entender que a condução da enorme crise que se estabeleceu no Haiti sirva de pretexto para que os mais ricos provem que somente extensas quantias de dinheiro podem salvar aquela nação da miséria eminente. Com isso, constrói-se a falsa ideia de que, se não fosse a ajuda dos gigantes do globo, aquele pedaço de terra (e sua população) sofreria o risco de ser deletado do mapa.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Acontece que, há tempos se fala em um investimento de infra-estrutura e de melhoria social no país. O Brasil já chegou a avançar esse debate, mas foi barrado pelo descaso dos Estados Unidos. Antes da calamidade, o Brasil tinha o maior contingente de tropas fora do país desde a Segunda Guerra Mundial: cerca de 1.500 soldados ocupavam as ruas de sua capital, Porto Príncipe. O motivo da ocupação (desde 2004) era garantir a segurança do país mais pobre do hemisfério ocidental - naquela ocasião, o Haiti era a 154ª colocação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), 23 posições a frente do último (o Niger). <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas a verdadeira negligência humanitária das doações não demorou a mostrar sua face. A falta de organização na entrega do material doado (principalmente comidas) é comparável ao tratamento agressivo dos treinamentos do BOPE. Quando se tem o poder, e sabe-se que muitos dependem dele para fazerem parte do jogo capitalista, o senso de humanismo diminui e, em troca, adquire-se comportamentos elitistas que não permitem o contato em mesmo nível com o outro menos abastado.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Afinal, o que mais explicaria o terrível fato de arremessar alimentos de helicópteros amplamente protegidos, enquanto os miseráveis na terra plana batalham para conseguir levar o tão escasso prêmio da refeição doada por entidades? Quer dizer que, porque sofreram de uma causa ambiental, as autoridades podem se dar ao luxo de tratá-los como animais enjaulados naquele mísero pedaço de terra?<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A quantidade material tomou o espaço da interferência humana. Para se ter uma ideia, o Exército brasileiro, que tem a missão de proteger cidadãos da violência (que aumentou depois do terremoto com saqueamentos, furto de comida, repressão policial para conter os tumultos, etc), são os poucos responsáveis pela entrega dos alimentos em solo. Assustados com o motim que se segue às entregas, eles abandonam os pontos estratégicos rapidamente para evitarem um conflito <b>com</b> os civis; mas, neste ato de prevenção, acabam suscitando um conflito <b>entre</b> civis. Pois nem todos têm a 'sorte' de receber os alimentos doados.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b></b><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>PEQUENO RESGATE HISTÓRICO</b><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Peter Hallward, colunista do jornal britânico "The Guardian", <b><a href="http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/jan/13/our-role-in-haitis-plighthttp://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/jan/13/our-role-in-haitis-plight">lembrou</a></b> que grandes catástrofes naturais, como terremotos, já aconteceram anteriormente no Haiti. Mas ele atenta ao fato de que o maior problema do país é a pobreza; e a pobreza, a consequência brutal da colonização. <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">No século XVIII, o Haiti já chegou a ser a colônia francesa mais eficiente em termos de produtividade de açúcar, cacau e café, apesar do sistema opressivo dos europeus. Mesmo assim, em 1794 foi o <b>primeiro país do mundo</b> a abolir a escravidão após uma grande revolta popular.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O país tentou estabelecer uma política independente, mas o ex-escravo Toussaint Louverture, que liderava a população haitiana, foi capturado e morto pelos franceses, que incitaram a proclamação da independência e bloqueram comercialmente o país por mais de seis décadas. Para sair da reclusão, os haitianos tiveram que pagar uma absurda quantia para os franceses, abalando imensamente sua economia.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Em 1915, os norte-americanos ocupam o Haiti com a premissa de organizarem politicamente o país. Na tentativa de prevenir o cargo de presidência aos mais pobres e evitar manifestações populares, eles apoiaram em 1957 o político François Duvalier, o Papa Doc, para administrar o país. Papa Doc instaurou uma ditadura que não permitia articulações políticas contrárias e espalhou a política do medo, perseguindo a Igreja Católica e disseminando a exploração vodu. Essa perseguição perpetuou-se até a década de 1980, com seu filho Baby Doc no cargo.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Tempos depois, em 1990, o padre católico Jean-Bertrand Aristide assume o poder com 75% dos votos da população haitiana em eleição democrática, mas é deposto pelos generais e obrigado a se exilar nos Estados Unidos. Como retaliação, a comunidade internacional decide bloquear o comércio com o país, desestabilizando de vez sua economia. Em 1994, Aristide volta ao poder, mas assume um Haiti mergulhado na miséria e no caos da violência.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A partir de então, a situação só tem piorado. Sem articulação política sólida e com uma economia estagnada, o país não tinha condições de manter sua população de mais de 8 milhões de pessoas de forma eficiente. Para se ter uma ideia, cerca de 75% da população vive em situação de miséria: 56% delas vive com menos de $1 por dia.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Portanto, a dívida das grandes nações com o Haiti é imensa. Séculos de colonização e exploração culminaram em um desastre civil que o tornou um dos piores países para se viver. Sem dinheiro, sem força política, sem aliados, o Haiti é nada mais que um espaço ocupado. Com o terremoto, passou a ser um fardo para as nações. Só que, deste fardo, a comunidade internacional pretende realçar sua <b>abstrata força voluntária</b> e trata os cidadãos haitianos como se fossem meros animais, meros destroços, meros objetos inanimados que precisam se ver livres da sujeira de alguma forma.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A demagogia construída com a condução da crise haitiana chega a ser maior do que os vastos problemas que ela enfrenta. As doações continuam a ser feitas, o que não deixa de ser uma boa notícia diante da catástrofe. Mas, enquanto não houver organização para distribuir todas as arrecadações, a situação pode piorar. No momento, isso é o mínimo que a comunidade internacional tem que se dispor a fazer.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">E, enquanto isso, pensar em uma possível reconstrução de Porto Príncipe, pois a miséria lá instaurada, em larga escala, é a causa do enriquecimento daqueles que hoje mandam no globo.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-83803770556531315942010-01-13T15:28:00.003-02:002010-01-23T19:47:58.847-02:00Grandes Álbuns #5: Public Enemy - It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://harryallen.info/wp-content/uploads/2008/07/public_enemy_-_it_takes_a_nation_of_millions_to_hold_us-back-front.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="636" src="http://harryallen.info/wp-content/uploads/2008/07/public_enemy_-_it_takes_a_nation_of_millions_to_hold_us-back-front.jpg" width="640" /></a><br />
</div><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Muitos relembram os anos 80 como uma década de muita produtividade artística, principalmente no âmbito do rock; foi uma época marcante, porque o metal entrava em cena e impressionava os ouvintes com canções que enfatizavam a diversão e o hedonismo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O fato é que essa foi a década em que o rock mais decaiu. Talvez a morte de John Lennon e a ressaca pós-60 tenha influenciado bastante para que o som se tornasse mais diluído e as letras, decadentes. O que salvou a música nesse período, sem sombra de dúvidas, foi a invenção do hip hop. Entretanto, de tão diverso que era, o hip hop era, ao mesmo tempo, um movimento de resistência das raízes negras do soul e do funk e uma crítica voraz ao establishment, dando voz às minorias periféricas e contrariando o conservadorismo das convenções sociais.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Public Enemy foi quem melhor incorporou os elementos de um hip hop sem papas na língua e, ao mesmo tempo, divertido. Movidos pelo sentimento da revolta, trouxeram em suas letras o peso da crítica política com bases de música negra, para enfatizar a causa anti-preconceito que aderiram explicitamente. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">A personificação do MC, que já se mostrava presente com as músicas de Run DMC e as experimentações musicais de Afrika Bambaataa, teria um peso maior com a bombástica atitude de Chuck D e o divertido Flavor Flav nos vocais, Professor Griff - em algumas vezes no vocal e na maioria delas na bateria - e o DJ Terminator X, que mostrou o poder das pick-ups no ritmo, improvisando 'scratches' com virtuosismo em cima de bases que vão de James Brown à Anthrax.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">"It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back" é o segundo álbum do grupo, lançado em 1988 pela Def Jam Records. De fato ele é uma versão melhorada da aparição meteórica do P.E. em seu primeiro álbum "Yo! Bum Rush The Show", de 1986. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Quando formou o grupo em 1982, Chuck D pegou a expressão "Public Enemy number one" utilizada em uma música intimista de James Brown. Sua preocupação com o sistema e a percepção de que ele era o culpado pela exclusão dos negros e mais pobres foi fator decisivo para que ele tomasse a frente dessa guerra e disparasse versos flamejantes, que atacam sem dó seus mantenedores, desde quando era um jovem MC nas rádios de Long Island, Nova York. "Don't Believe The Hype" traz a síntese de seu papel como músico. "About the gun... / I wasn't licensed to have one / The minute they see me, fear me / I'm the epitome - a public enemy" [</span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">"Sobre as armas... / Não tenho licença para obter alguma / No minuto que me veem, estremecem / Sou o resumo da ópera - um inimigo público"</span></i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">].</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Apesar de ter uma causa social enquanto música, o P.E. não se prendeu a regionalismos ou adquiriu outros preconceitos ao defender os pobres e negros em suas canções. Em "Bring The Noise", além de tomarem os holofotes, estampam o som para o mundo convidando artistas renomados a escutarem o que tem pra dizer: "Beat is for Sonny Bono, beat is for Yoko Ono" [</span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">"A batida é para Sonny Bono, a batida é para Yoko Ono"</span></i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">]. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Para provar o sincretismo a que estavam dispostos em aderir em suas canções, em "She Watches Channel Zero?!?", eles usam o sampler de um riff de rock pesado, "Angel Of Death", do Slayer, aproximando o peso das guitarras do rock com o peso das letras de rap.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Flavor Flav, que nas palavras de um dos fundadores do Beastie Boys, Adam Yauch, traz uma "aleatoridade selvagem" ao grupo junto com Chuck D, se apresenta como uma lâmpada fria, um complemento necessário para que as vozes do Public Enemy ecoem para todos os lados na faixa "Cold Lampin' With Flavor". Ainda nas apresentações, "Terminator X To The Edge Of Panic" anuncia a maestria do DJ numa base pesada de funk.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Seguindo uma linha cronológica de crítica, como se fosse um material bem elaborado nos moldes de uma tese argumentativa, "It Takes A Nation..." traz pesos pesados como "Louder Than A Bomb", na qual Chuck D assume um papel de delator das mentiras que a mídia e a política sustentam para diminuir a participação dos menos abastados nas decisões da sociedade. Sabendo que nem todos têm a atitude de confrontar os poderosos, </span><span style="border-collapse: collapse; line-height: 19px;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Carlton Douglas Ridenhour explica a origem de seu pseudônimo: "Because D is for Dangerous".</span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="border-collapse: collapse; font-size: 13px; line-height: 19px;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span></span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="border-collapse: collapse; line-height: 19px;"><span style="border-collapse: separate; line-height: normal;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Funk acelerado até o talo, "Caught, Can I Get A Witness?!?" é temperada com os scratches de Terminator X para relatar a dificuldade dos sentenciados à prisão em defender suas posições - afinal, eles são considerados mazelas da sociedade e não interferem no sistema macrofinanceiro. Quanto mais 'delinquentes' atrás das grades, melhor. E, quando se menciona 'delinquentes', extirpa-se o direito de defesa. Sem testemunhas, Chuck D conta as condições subhumanas do cárcere, onde "a bagagem vale mais que ouro".</span></span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Look at how I'm livin' now, lower than low </span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[Veja como vivo agora, pior que os piores]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">What a sucker know </span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[O que um otário sabe]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">I found this mineral that I call a beat </span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[Achei esta fonte que chamo de batida]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">I paid zero</span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> [Não paguei nada]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">I packed my load 'cause it's better than gold</span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> [Embalei minha carga porque é mais valiosa que ouro]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">People don't ask the price, but its sold </span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[As pessoas não perguntam o preço, mas é vendido]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">They say that I sample, but they should </span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[Dizem que sou amostrado, mas eles deveriam]</span></i><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Sample this my bit bull </span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">[Mostrar minha pequena oferta]</span></i><br />
</div></blockquote><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Falando em sistema prisioneiro, "Black Steel in the Hour of Chaos", certamente uma das melhores composições do grupo, relata o momento de fuga de encarcerados que representam tudo aquilo de mau que a sociedade prefere esconder. Critica o sistema de prisão e o consequente aumento de preconceito racial, pois a maioria dos presidiários é negra. Ironizando o 'negro' como pejorativo, Chuck D usa o termo "Black Steel" para se referir às armas dos carcereiros. Numa fábula periférica, narra a fuga dos prisioneiros, enquanto os agentes federais vacilam. Ele conta que a intenção da fuga é a volta para casa, e não a volta das práticas contrárias à lei. </span><br />
</div><br />
<div style="text-align: center;"><object height="405" width="545"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/zmiMFvTRzgI&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/zmiMFvTRzgI&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="545" height="405"></embed></object><br />
</div><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-family: 'Times New Roman';"><br />
</span></span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Em "Black Steel in the Hour of Chaos", P.E. usa uma base da música </span><span style="line-height: 19px;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">"Hyperbolicsyllabicseequedalymystic", do soulman Isaac Hayes. De forma abrupta, já inicia uma crítica ferrenha ao governo: "I got a letter from the government, the other day / I opened and read it, it said they were suckers" [</span><i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">"Recebi uma carta do governo, outro dia / Abri e li, dizia que somos trouxas"</span></i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">].</span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">"Rebel Without a Pause", talvez a mais conhecida do álbum, é uma alusão ao filme consagrado de James Dean ("Rebel Without a Cause") e uma mescla de bases, scratches e indignações sociais, políticas e musicais. Com toda a maestria da equipe do The Bomb Squad, incluíram bases de "Get Up Offa That Thing" e "Funky Drummer", do reverenciado papa do funk James Brown. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">De forma irreverente e politizada, Public Enemy eternizou o hip hop com "It Takes a Nation..." e mostrou as diretrizes da crítica social para os grupos posteriores, conquistando a congratulada </span><b><a href="http://www.rollingstone.com/news/story/6598716/48_it_takes_a_nation_of_millions_to_hold_us_back"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">48ª posição</span></a></b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> dos maiores álbuns de todos os tempos pela </span><a href="http://www.rollingstone.com/"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Rolling Stone</span></b></a><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">. Sem nenhum preconceito (apesar da árdua batalha contra ele) e sempre abertos às experimentações, o grupo redefiniu a música negra e trouxe novas possibilidades ao gênero, sem abandonar as raízes musicais. O legado? Pode colocar na listinha aí Racionais, Snoopy Dogg, Beastie Boys, Dr. DRE, R.Z.O., Wu-Tang Clan e muitos, mas muitos outros mesmo. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: center;"><object height="405" width="545"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Erj9g4Or1rU&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Erj9g4Or1rU&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="545" height="405"></embed></object><br />
<br />
<br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-57159136406451489472010-01-09T11:09:00.000-02:002010-01-09T11:09:04.491-02:00'Big Brother' invade a esfera do privado e dita as tendências do ano - pela 10ª vez<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://viniciusmacedosousa.files.wordpress.com/2009/08/robozinhos-do-big-brother-brasil-0edec.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="http://viniciusmacedosousa.files.wordpress.com/2009/08/robozinhos-do-big-brother-brasil-0edec.jpg" width="640" /></a><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Há bastante tempo a discussão sobre público e privado deveria ser tratada com mais seriedade. Afinal, lá se vão 10 edições do pomposo 'Big Brother Brasil', programa em que as individualidades de cada participante passam a ser o espetáculo da nação e ditam as novas tendências comportamentais e mercadológicas.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O privado torna-se interessante porque, como enfatizei no <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/12/quando-imagem-se-sobrepoe-obra-e.html"><b>post anterior</b></a>, serve como fuga a uma realidade chata e sem graça. Observar o outro é essencial para que possamos captar os pontos altos de cada integrate - como forte personalidade ou até mesmo humildade - e nos dê informação para rejeitarmos aquilo que realmente é démodé - como vestimentas inadequadas, comportamentos intempestivos ou mesmo um sotaque muito aparente.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">De certa forma esse 'encargo social' dos participantes e a atenta passividade dos espectadores gera uma forte pressão comportamental. Pois o 'Big Brother' <b>é </b>o atual dos atuais, mais pop que Andy Warhol, um verdadeiro símbolo da modernidade e da necessidade de estar integrado a ela.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Ser parte de uma tendência é a essência para que os próprios participantes entrem no jogo abstrato dos parâmetros da moda. Porque o reality show não acaba quando o vencedor leva o cobiçado prêmio para casa. A imediata repercussão do pós-teste é que vai mostrar se eles tiveram notas positivas ou não, como um ensaio para revistas masculinas ou homossexuais, aquela participação nas novelas noturnas ou mesmo um pequeno escândalo que eleve sua exposição na mídia.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Não deixa de ser uma estratégia eficiente iniciar o 'Big Brother' logo no começo do ano. Como diz um velho ditado: "Ano novo, vida nova". É como se o programa estivesse convidando cada espectador para fazer parte do novo que está por vir através de personagens selecionados que têm algo em comum com cada um que os assiste: o anonimato.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Diferente do legado das celebridades, que geralmente esbanjam suas fortunas em revistas de 'comportamento social' (é bom colocar as aspas mesmo nisso aí), os participantes de um reality show já tiveram dificuldades econômicas um dia, já tiveram que ralar para obter alguns bens materiais... Claro que essa regra vale só para alguns, senão o programa ilustraria com muito veracidade a realidade da maioria e perderia sua graça.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Deve fazer parte do jogo também aqueles que já foram bem-sucedidos na vida ou que tenham proximidade com a riqueza das celebridades. Por isso mesmo, o 'Big Brother' sempre traz cidadãos anônimos que tenham capacidade monetária de preencher essa lacuna fantasiosa.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">É por esses e muitos outros motivos que o 'privado' invadiu a esfera do que é 'público'. Aprender com os erros dos outros é muito mais vantajoso do que cometê-los; espelhar-se na experiência dos outros é mais fácil do que dar a cara pra bater. E, claro (como não podia deixar de existir), ver a briga dos outros, a diferença que gera o conflito, as polêmicas que acercam cada participante, a competitividade excessiva que desmorona amizades e arrecada inimigos, as verdadeiras 'ações' que dão andamento ao programa são os principais atrativos de um reality show como o 'Big Brother'.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Para endossar a onipresença do programa, a publicidade investe (e arrecada) pesado. Diante de tanta força publicitária, os demais canais de rede aberta, vendo que não conseguem abatê-lo, começam a entrar na vida privada de cada participante do 'Big Brother', na tentativa de se integrarem e passarem a mão em uma pequena fatia do bolo de um reality show tão lucrativo.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Com os holofotes voltados para o programa, nem mesmo jornais considerados sérios conseguem ignorá-lo. Diante de tanta repercussão, assuntos que realmente têm cunho social são ofuscados pelas pequenas intrigas ocorridas naquela mansão fechada. A participação do público com os acontecimentos que realmente fazem parte de seu cotidiano são deixadas de lado e dão lugar às 'fantasias da vida real' que o 'Big Brother' pode lhes proporcionar.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Acaba tornando-se decepcionante, por exemplo, conversar com um espectador assíduo e notar que ele sabe o nome de todos os integrantes do 'reality show', mas não sabe quem serão os candidatos da eleição de 2010 e muito menos quais são aqueles que têm mais afinidade. Outros, nem sabem que o Lula não pode mais se candidatar novamente.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">É isso que acontece quando o privado invade o público: as invencionices que tornam possíveis o 'mundo da fantasia' são informações mais relevantes do que os fatos que permeiam o nosso 'mundo real'. Ganha notoriedade aquilo que for mais confortante. E, nessa batalha, 'Big Brother' leva o filão de lavada.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"> <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-75212064663276073182009-12-29T15:43:00.004-02:002009-12-29T15:48:23.257-02:00Quando a imagem se sobrepõe à obra e fantasia a realidade<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://geekonfilm.files.wordpress.com/2009/10/avatar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="358" src="http://geekonfilm.files.wordpress.com/2009/10/avatar.jpg" width="640" /></a><br />
</div><br />
A chegada de <b>"Avatar"</b> nos cinemas gerou uma expectativa que, apesar de muitos considerarem fora do comum, não deixa de ser típica. Já adianto que ainda não assisti (mas ainda vou), mas já não espero muita coisa além de belos efeitos visuais e um roteiro à lá Marvel Comics. De fato, o que pesa na bigorna é a tecnologia incrível que o diretor James Cameron utilizou nos cenários e personagens. Isso é o que leva a geral pro cinema; de resto, o que vier é complemento.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O jornal <b><a href="http://www.nytimes.com/">"New York Times"</a></b> publicou um <a href="http://artsbeat.blogs.nytimes.com/2009/12/28/are-dvds-ruining-your-memories-of-classic-television-shows/?src=twt&twt=nytimes">artigo interessante sobre a necessidade imagética que os espectadores (principalmente os mais jovens) têm em relação aos filmes e seriados que assistem</a>. O conteúdo ou um bom roteiro, por exemplo, ficam em segundo plano diante dos belos efeitos especiais que tornam uma cena espetacular aos olhos de quem assiste. É a chamada 'Era do DVD', que conquistou os aparelhos de televisão de forma tão abrupta que está moldando o comportamento geral dos verdadeiros ociosos da atualidade.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Tal comportamento impede que os jovens, por exemplo, apreciem antigos seriados que usavam os recursos tecnológicos da época para impressionar os espectadores. Uma clara evidência é o recente lançamento da saga inicial de <a href="http://www.starwars.com/">"Star Wars"</a>, dirigida por George Lucas. Quem ainda não assistiu a primeira trilogia certamente deve ter gostado da recente.<br />
<br />
Entretanto, o roteiro é tão atraente que qualquer espectador que gosta da série quer assistir todos os filmes, que tem continuidade com a primeira trilogia lançada nos anos 1970. Mas a série antiga ainda sofre relutância por parte dos novos fãs porque é incomparavelmente inferior em se tratando de recursos tecnológicos.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Como afirmou o crítico de artes do "New York Times" <a href="http://topics.nytimes.com/topics/reference/timestopics/people/g/neil_genzlinger/index.html">Neil Genzlinger</a> "os garotos se sentem estúpidos" quando percebem falhas na produção de um efeito especial, por exemplo. É como se eles quisessem trazer para a realidade as fantasias da ficção para suprir uma frustração recorrente da tediosa e simplória 'vida real'. Se a fantasia consegue inescapar aos olhos nus, então ela é passível de ser compreendida como realidade.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Para ampliar os exemplos o jornalista <a href="http://artsbeat.blogs.nytimes.com/author/dave-itzkoff/">Dave Itzkoff</a>, do "New York Times", relembrou em seu artigo a antiga série <b>F Troop</b>, que dominou as telinhas americanas entre os anos de 1965 e 1967. Em uma comparação, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=zVwFADi4Y38">mostra os efeitos utilizados para fazer a cena de uma fuga</a>. Os cavaleiros que perseguem o personagem atiram flechas para tentar acertá-lo. Hoje em dia, fica evidente que já havia flechas por trás do chapéu do personagem para tentar criar o efeito do tiro.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Perceber tais falhas imagéticas acaba comprometendo a expectativa gerada, fazendo com que, consequentemente, o filme ou o seriado 'perca a graça'.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Justifica-se a repetida (por vezes bem acertada, por outras não) aposta dos diretores pelas séries mitológicas, como vampiros, monstros horrendos, heróis superpoderosos ou grandes titãs. Atrai multidões porque sempre englobam histórias que 'têm graça', já que escapam da dureza insana da realidade. "Crepúsculo", o milionário best-seller que conquistou de vez a nova geração, por mais que se enquadre nas tendências atuais, não deixa de ser o resultado de uma exatidão de fórmulas: é mitológico, tem carga de dramaticidade que condiz com o sentimentalismo adolescente e tem efeitos incríveis. Foi a essência para a criação de uma série da Warner que descaradamente bebeu da mesma fonte, o tal <a href="http://www.cwtv.com/shows/the-vampire-diaries">"The Vampire Diaries"</a>.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O que é fácil de observar é que inúmeros tabus são criados e reinventados para tentar cativar ainda mais a atenção dos espectadores. Além dos famigerados prêmios de bilheteria, congratulação de fãs-clubes e estatuetas preciosas, o <i>establishment</i> cria incontáveis listas paradigmáticas para fervilhar a produção cinematográfica hollywoodiana. Daí às vezes saem bons filmes, mas na mesma proporção de tampinhas premiadas em garrafas de refrigerante.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Com a crescente demanda de filmes deste gênero, torna-se cada vez mais eficaz a perpetuação dos arquétipos imagéticos no imaginário dos espectadores. É aí que entra o lucrativo negócio dos videogames e da indústria dos brinquedos, que pegam carona nos espetaculares filmes de ficção. A interação com os personagens de uma série, por exemplo, torna mais próxima a penetração em uma realidade inexistente, deixando os vislumbrados mais distanciados daquilo que é real.<br />
<br />
Ou seja, ficção e realidade se misturam em uma batalha que sai vencedor aquele que for mais atraente - no caso, o abstrato se sobrepõe ao concreto. E isso se reflete na realidade. Afinal, é melhor viver uma realidade fantasiada ou buscar fantasias para moldar o real? Como diria o teórico <a href="http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2003/09/08/000.htm">Theodor Adorno</a>, "como viver verdadeiramente em um mundo falso?"<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">De fato o refúgio dos efeitos se tornou a plena salvação de alguns roteiros pífios. O que vale é a tendência do momento: se algo dá certo, é melhor usufruí-lo até o desgaste, para depois encontrar uma outra tendência que supere o tédio. É como se fosse um tratamento terapêutico para calar o choro de criança: dá-se um chocolate para que ele pare de chorar, mais outro, outro e outro, até que ela enjoe e peça um novo sabor. E assim sucessivamente.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;">------------------------------------------------------------------------------------------------<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mais triste é saber que, além de sermos alvos das tendências, somos atraídos fortemente por elas. A "Era do DVD" não chegaria a este ponto se não tivéssemos fácil acesso a tudo o que gostaríamos com um simples clique de 'Download'. Na verdade, é errôneo criar diversos termos para tentar explicar a realidade que vivenciamos, quando já estamos nela desde que o homem inventou a roda. Criamos necessidades tecnológicas desde que nos entendemos por gente; o que muda é que já avançamos imensamente neste sentido, principalmente no século passado após a matança geral de duas guerras mundiais.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Por mais que defenda uma volta às origens e uma valorização maior aos esforços intelectuais da mente humana, não passo de um reles refém dos efeitos especiais e da fugacidade tecnológica. Não fosse isso, jamais escreveria um post em um blog, que é uma ferramenta oriunda das novas capacidades da tecnologia. Pelo jeito, como diria um amigo meu, "o esquema é ponderar".<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Feliz Ano Novo à todos e boa 'ponderação tecnológica'. <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-27289500895366178172009-12-16T19:17:00.002-02:002009-12-22T02:59:59.015-02:00A insana honestidade do pênis, por Gay Talese<div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://sensivelaluz.files.wordpress.com/2009/06/nyt1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="http://sensivelaluz.files.wordpress.com/2009/06/nyt1.jpg" width="640" /></a><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&ct=res&cd=1&ved=0CAkQFjAA&url=http%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FGay_Talese&ei=4D4pS8ODK8mztge1r9jDCw&usg=AFQjCNEtVojwHItTtJh-eJtdPh6KG2ugcw&sig2=NRvxs7boRcRvtqBVUnX7cA"><b>Gay Talese</b></a>, às vezes, não é jornalista. Segundo os conceitos que se aprende na universidade, o jornalismo é regido por fórmulas de escrita, no qual a pirâmide invertida é a essência de uma notícia estruturada pela hierarquia da informação. Vítima de si mesmo, o jornalismo não é para poucos; é para muitos. Porém, são poucos os que conseguem transcender seu estilo textual informativo para algo agradável e prazeroso de se ler, como um romance.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Lemos jornais porque queremos nos informar; raros são os casos em que a forma em que a história é narrada nos agrada. Quando acontece, só nos domingos - e olhe lá! Talvez isso justifique porque a maioria dos leitores de jornais leem apenas 10% de todo seu conteúdo. Para ler mais, só sendo jornalista mesmo.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Gay Talese, se dependesse de jornal para viver, escreveria só aos domingos. Não são as poucas palavras difíceis nem a estrutura complexa de suas reportagens e textos que agradam, mas sua forma de abordar cada assunto, sua perspicácia em investigar todos os ângulos das temáticas e situar a informação a ponto de parecer que o leitor estava presente na hora dos acontecimentos.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Tudo isso, é claro, de uma forma simples. Essa é uma proposta do <a href="http://www.qualquer.org/gonzo/monogonzo/monogonzo02.html"><b>'new journalism'</b></a> americano, do qual Gay Talese é decorrente. Quer comprovar sua maestria? Então, leia o <a href="http://www.esquire.com/features/ESQ1003-OCT_SINATRA_rev_">perfil para a "Esquire" que Gay Talese fez em 1965 de Frank Sinatra,</a> sem nem ao menos conseguir entrevistá-lo. A reportagem é considerada uma das maiores belezas do jornalismo e, sem dúvida, o melhor perfil já escrito sobre Sinatra.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Estou lendo um livro dele, <b>"A Mulher do Próximo" (1980)</b>, que revisa o conservadorismo sexual antes dos anos 1950 nos Estados Unidos até chegar na permissividade dos dias atuais, principalmente com a sociedade libertária dos anos 1960 e com a era da AIDS. Só que, para contar essa transição, Gay Talese traz personagens que servem de espelho para cada época tratada. Conta a história de <a href="http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&ct=res&cd=8&ved=0CBkQFjAH&url=http%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FHugh_Hefner&ei=f0IpS8D_G42vtgfMhdzQCw&usg=AFQjCNHSQ4iGBjQ4busWrplAHW3OmjUcUg&sig2=4oUnOuSc2YdezUaGZImnbQ">Hugh Hefner</a>, que criou a <a href="http://playboy.abril.com.br/">Playboy</a>, de jovens que se masturbavam com revistas pornográficas vendidas ilegalmente e relata a violenta repressão dos conservadores reacionários que queriam proibir a vulgaridade social, no fim do século XIX. Além disso, traz exemplos de casos sexuais nos anos 60 com histórias reais, apuradas de um jeito que só Gay Talese saberia expor.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Desnecessário argumentar que o livro é fascinante. E é por isso mesmo que me senti na obrigação de trazer um trecho de sua obra, talvez o trecho considerado mais polêmico. Gay Talese discorre sobre a subserviência e a fraqueza mental que o homem está submetido à seu pênis. Graças às necessidades fisiológicas e repulsas masturbatórias, o homem reduz sua mentalidade ao nada e dá lugar ao desejo incontrolável de satisfazer as vaidades manifestadas por seu pênis.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Para explicar melhor, peço licença ao escritor americano para publicar um pequeno trecho de sua obra:<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;">O texto erótico muitas vezes leva à masturbação, e isso era motivo suficiente para tornar controverso o romance de <i>(D. H.)</i> Lawrence <i>(autor de "O amante de lady Chatterley")</i>. Mas havia mais: por meio da personagem do guarda-caça, ele explora a sensibilidade e o distanciamento psicológico que é comum o homem sentir em relação a seu órgão genital; de fato, o pênis parece ter vontade própria, um ego maior que seu tamanho e é frequentemente constrangedor por causa de suas necessidades, seus fascínios e sua natureza imprevisível. O homem sente, às vezes, que o pênis o controla, leva-o para o mau caminho, faz que implore favores à noite cujos nomes prefere esquecer na manhã seguinte. Seja insaciável ou inseguro, o pênis exige provas constantes de sua potência, introduzindo em sua vida complicações indesejadas e repetidas rejeições. Sensível, mas capaz de recuperação rápida, igualmente disponível dia e noite com um mínimo de persuasão, ele tem se desempenhado com decisão, embora nem sempre com habilidade, por uma eternidade de séculos, sempre procurando, sentindo, expandindo-se, explorando, penetrando, pulsando, murchando e querendo mais. Sem jamais esconder seu interesse lascivo, é o orgão mais honesto do homem.<br />
<br />
É também um símbolo da imperfeição masculina. É desequilibrado, assimétrico, pendente, frequentemente feio. Mostrá-lo em público é "exposição indecente". É muito vulnerável, mesmo quando feito de pedra: os museus estão cheios de figuras hercúleas com pênis lascados, cortados ou completamente decepados. Os únicos que sobrevivem sem danos parecem ser aqueles desproporcionalmente pequenos, criados por artistas que talvez não quisessem intimidar os órgãos menores que o normal de seus patronos. Na arte religiosa, o pênis é muitas vezes representado como uma serpente, esmagada pelos pés da Virgem Maria; desde o século XI, os padres, aderindo ao voto de celibato, têm resistido a sua tentação cobiçosa. A masturbação sempre foi considerada pecaminosa pela Igreja, e há muito tempo recomenda-se um chuveiro frio para os paroquianos solteiros como uma maneira de afogar as primeiras ebulições da ascensão da paixão.<br />
<br />
Apesar de a força moral da tradição judaico-cristã e da justiça ter procurado purificar o pênis e restringir sua semente à instituição santificada do matrimônio, ele não é por natureza um órgão monógamo. Desconhece códigos morais, foi projetado pela natureza para o esbanjamento, adora a variedade, e nada, exceto a castração, eliminará seu pendor para a prostituição, a fornicação, o adultério ou a pornografia.<br />
<br />
A pornografia atrai especialmente o pênis dos homens que não têm meios para pagar prostitutas ou sustentar amantes, ou que são feios ou tímidos demais para conquistar mulheres, ou ainda que estão temporariamente isolados delas (em prisões e hospitais, por exemplo), ou que desejam continuar fiéis ao casamento em todos os aspectos, exceto quando se entregam a uma fantasia orgástica com uma revista, ou quando, durante a relação sexual matrimonial, imaginam que sua esposa é outra mulher. Isso se chama "superimposição". É a forma mais comum e privada de infidelidade no mundo e sua estimulação não depende da pornografia.<br />
<br />
Todos os dias, o pênis é vítima de visões sexuais na rua, nas lojas, nos escritórios, nos outdoors e nos comerciais da televisão; é o olhar malicioso de uma modelo que aperta a pasta de dentes, os mamilos que se imprimem na blusa de seda da recepcionista da agência de viagem, o bando de nádegas jovens em jeans apertados que sobe pela escada rolante da loja, o perfume que emana do balcão de cosméticos: almíscar feito a partir dos genitais de um animal para excitar outro.<br />
<br />
A cidade oferece uma dança tribal de fertilidade em versão moderna, um safári sexual, e muitos homens sentem-se pressionados a provar amiúde seu instinto caçador. O pênis, muitas vezes visto como uma arma, é também um fardo, a maldição masculina. Faz de alguns homens incansáveis libertinos, voyeurs, exibicionistas, estupradores. É o que os convoca para a guerra militar e os envia, em numerosos casos, para a morte prematura. Suas seduções insanas podem levar à discórdia matrimonial, ao divórcio, à separação dos filhos, à pensão. Seu desregramento em altos escalões provoca escândalos políticos e derruba governos. Sentindo-se infelizes, alguns homens decidem livrar-se deles.<br />
</blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O trecho foi extraído do livro <b>"A Mulher do Próximo"</b>, de Gay Talese, publicado pela <b>Companhia das Letras</b> em 2002. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-48607993354254352642009-12-14T16:44:00.002-02:002009-12-14T16:47:08.222-02:00Lula é destaque na lista dos 100 maiores do ano do jornal 'El País'<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://beta.thumbalizr.com/app/thumbs/?src=/thumbs/onl/source/be/be6448d5e747adb17e415989e21d7b64.png&w=800&q=0&enc=" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="512" src="http://beta.thumbalizr.com/app/thumbs/?src=/thumbs/onl/source/be/be6448d5e747adb17e415989e21d7b64.png&w=800&q=0&enc=" width="640" /></a>Enquanto a imprensa brasileira rechaça a figura política de <b>Luiz Inácio Lula da Silva</b> e não cansa de caçar pêlo em ovo para comprometer a possível candidatura de sua protegida, Dilma Rousseff, o jornal '<a href="http://www.elpais.com/">El País'</a>, uma das maiores referências em coberturas internacionais do mundo, nomeou os dois políticos como uma das 100 maiores personalidades do ano.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">José Luís Rodriguez Zapatero, presidente da Espanha, é quem <a href="http://www.elpais.com/especial/protagonistas/lula-silva.html"><b>atesta a liderança de Lula</b> </a>na América Latina, dizendo que "este é um homem minucioso e tenaz por quem tenho uma profunda admiração". Reconhece o peso de sua liderança na América Latina argumentando que Lula é um homem que se "converteu em uma referência irrecusável para a esquerda do continente sul-americano abaixo do Rio Grande do Sul". Não deixa de admirar o pernambucano sem diploma que veio de um país pobre e tece elogios para seu comprometimento com a pobreza da sociedade brasileira.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Além de Zapatero, Júlio Maria Sanguinetti, ex-presidente do Uruguai, analisa que Lula é um político que transcende todas as discussões acerca da corrupção. E finaliza o texto com a seguinte frase: "Qualquer que seja o futuro, ele (Lula) já fez sua história".<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Não é de se admirar que Lula seja ovacionado pela imprensa internacional ao mesmo tempo que é esculachado pelos patrícios. Afinal, aqui ele demonstra representar uma ameaça aos interesses dos conglomerados midiáticos, como a Globo que teve a triste atitude de <a href="http://noticias.uol.com.br/especiais/eleicoes-1989/ultnot/2009/11/15/ult9005u10.jhtm">editar o debate eleitoral em 1992</a> para favorecer Fernando Collor na disputa presidencial ou 'O Estado de S. Paulo', que não cansa de trazer editoriais questionando veementemente seu governo enquanto apoia, nas entrelinhas, os candidatos tucanos, tais quais José Serra e Aécio Neves (a Folha anda pelo mesmo caminho, apesar de não ser tão conservadora como os concorrentes 'Globo' e 'Estadão').<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">'El País' ainda nomeou, como as 100 maiores personalidades do ano de 2009, a candidata do PT <b>Dilma Rousseff</b>, com <a href="http://www.elpais.com/especial/protagonistas/dilma-rousseff.html">artigo de Marco Aurélio Garcia</a> e a ex-ministra do meio ambiente <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/search/label/Marina%20Silva"><b>Marina Silva</b></a>, que migrou do PT para o PV, com <a href="http://www.elpais.com/especial/protagonistas/marina-silva.html">artigo de Francho Barón</a>, correspondente no Rio de Janeiro pelo jornal espanhol.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Claro sinal de que o país não está apenas conquistando os holofotes internacionais graças a seus recursos naturais e seu modo de conduzir a crise internacional, mas, sim, sinal de que o mundo todo está de olho nos brasileiros que fazem do Brasil um país melhor.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-38479675602686519272009-12-10T15:59:00.002-02:002009-12-10T16:01:26.755-02:00"Persépolis" aproxima Oriente Médio e Ocidente em uma HQ agradável de se ler<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<a href="http://josefaparedes.files.wordpress.com/2007/10/persepolis3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="376" src="http://josefaparedes.files.wordpress.com/2007/10/persepolis3.jpg" width="640" /></a><br />
Podemos não perceber, mas cada vez mais o Irã e a cultura do <b>Oriente Médio</b> se aproximam do Ocidente. A recente <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/11/lula-aposta-na-moderacao-nas-relacoes.html">visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil</a> reflete um pouco dessa realidade.<br />
<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Paralelo a isso, todos os tipos de preconceitos e estereótipos são desferidos aos montes a essa região tão conflituosa, que detém os maiores poços de petróleo do globo. E quem diretamente sofre com esses ataques perniciosos motivados pela santa ignorância? O povo, é claro, que mora naquela região.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Marjane Satrapi não pode ser considerada uma representante 'in loco' do caos diário que assola o Oriente Médio - mais especificamente o Irã. Afinal, ela é descendente de um mandatário do império e teve uma família instruída e politizada o suficiente para ingressá-la em um liceu francês na intenção de garantir-lhe uma boa formação para abandonar, quando quisesse e se sentisse preparada, o terreno hostil que a pátria-mãe, o Irã, tinha se tornado.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Em "Persépolis", uma simplória e divertida HQ que conta um pouco da história de Satrapi no contexto da <b><a href="http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xx/guerra-irairaque.htm">guerra Irã-Iraque</a></b> patrocinada pelo armamento pesado dos EUA, a autora expõe o seu íntimo da maneira mais agradável possível ao leitor, para explicitar a influência deste 'causo' no cotidiano social do Irã. Ela retrata o fanatismo que tomou conta dos patrícios com a intensificação da guerra e como isso eclodiu na vida do cidadão comum - no caso, ela, Marjane Satrapi, e sua família.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">De forma divertida, graças à leitura fácil e atraente, o leitor irá se identificar com a trajetória dos erros e acertos da pequena garota rebelde e corajosa até se tornar uma universitária com sede de saber, ricas experiências de vida e uma educação exemplar. Entretanto, como o fato histórico vivenciado pela jovem obrigou-a, ela devia prestar contas a um regime islâmico cada vez mais repressor, que impedia que as mulheres usassem maquiagem, cultivasse padrões ocidentais de beleza ou despertasse em público desejo aos homens.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A repressão foi intensificada com a queda do xá em 1979 e o levante do Irã, que levou milhões às ruas para protestar contra a opressão aos dissidentes políticos contrários à monarquia, que dominava o país na época.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Neste momento, os ativistas políticos acharam que no Irã surgiria uma república democrática ou socialista nos moldes teóricos de Karl Marx. Em pouco tempo, os cidadãos mais informados (como a família de Satrapi) perceberam que nada disso aconteceria - o que de fato se concretizou.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Os novos dirigentes se mostraram ainda mais conservadores que os monarquistas. Toda essa transição política foi motivada pela crescente subserviência do xá com os EUA, que estavam interessados no petróleo. Os islâmicos que tomaram o poder adotaram uma política protecionista com os americanos, que não toleraram e fizeram questão de fomentar a richa contra o vizinho Iraque promovendo uma guerra que matou muita gente inocente naquela região.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Diante do cenário catastrófico que o Irã sofria em meados dos anos 80, os pais de Satrapi acharam melhor mandá-la para a Áustria, para que ficasse a salvo e pudesse dar continuidade aos estudos. Chegando lá, deparou-se com uma cultura extremamente diferente da sua. Apesar de ter uma educação liberal e levemente ocidentalizada, a autora relata algumas de suas chocantes surpresas com o 'european way of life', como a liberdade sexual (ao contrário do conservadorismo de seu páis de origem) e o asco que lhe causava o pseudo-intelecto da juventude burguesa.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Depois de passar por maus bocados e uma rica experiencia de vida, volta para a terra natal com o pensamento mais estruturado, apesar da crise de identidade suscitada pelo choque cultural de quatro anos de vivência na Áustria.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O que mais instiga o leitor a folhear as páginas de "Persépiolis" é a possibilidade de adentrar em uma vida privada totalmente diferente vista a olhos ocidentais. Marjane Satrapi pode não representar o cidadão médio do Irã ou daquela região, mas não deixa de desvendar surpresas e de compartilhar emoções e experiências com o amigo leitor.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Pois, por mais que o Oriente Médio e o resto do mundo estejam distantes cultura, política e geograficamente, uma coisa nos une: a vivência. Essa é a carta na manga que Satrapi usa sabiamente para apresentar um pouco de sua realidade, que não deixa de ser um fragmento verossímil da situação política do Irã.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>*</b> Em 2007, a HQ foi adaptada para as telonas do cinema. Abaixo, segue o trailer de "Persépolis", com legendas em inglês:<br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><br />
<br />
<object height="405" width="545"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/3PXHeKuBzPY&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/3PXHeKuBzPY&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="545" height="405"></embed></object><br />
</div></div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-56352099403434631972009-12-09T19:30:00.003-02:002009-12-10T22:42:39.204-02:00Grandes Álbuns #4: Bob Marley - Survival<div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://121.254.138.21:6701/album/album/images/602/0000/3111/3111.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="636" src="http://121.254.138.21:6701/album/album/images/602/0000/3111/3111.jpg" width="640" /></a><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Difícil definir <b><a href="http://www.afroencias.com.br/2009/02/motown-50-anos-nao-um-intervalo-bob.html">Bob Marley</a></b> em um álbum só. O cara foi (é) o rei do reggae e da Jamaica, um ativista da paz universal, pai de doze filhos, um cantor de primeira e, obviamente, um grande revolucionário. Aliás, essa é a faceta mais evidente em um de seus últimos trabalhos de estúdio, <b>"<a href="http://www.afroencias.com.br/2008/11/dreadlocks-ina-babylon.html">Survival"</a></b>. (Inclusive, 2009 foi o ano de seu 30º aniversário, mais especificamente no dia 2 de outubro. Portanto, este post serve como uma tardia comemoração desta pérola. E também , claro, porque integra um dos melhores trabalhos que já escutei...)<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Bob Marley teve a ideia de conceber "Survival" pensando na unificação dos <b><a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/06/relacao-do-brasileiro-com-o-negro.html">negros</a></b> africanos para confrontarem a repressão política e segregadora do apartheid. Na verdade, o compositor pensou em nomear o álbum de "Black Survival" mas, para não sofrer censura total no continente por parte dos poucos brancos que mandavam por lá, optou apenas por "Survival".<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O álbum é o primeiro de uma trilogia que revela, em minha humilde opinião, uma das fases mais áureas de Bob Marley. O próximo trabalho, "Uprising", foi lançado em 1980, ano da turnê de independência do Zimbabwe, e "Confrontation", seu álbum póstumo, foi lançado somente em 1983.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">"Africa Unite", o primeiro <b><a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/07/vivemos-era-do-single.html">single</a></b> de "Survival", já é revolucionária logo por seu título. Para quem não sabe, o continente africano foi explorado pelos colonos justamente pelo conflito tribal entre os nativos. Os europeus alimentaram essa richa entre eles para poder dominar o território e explorar os recursos naturais com facilidade. Até hoje a maioria dos países africanos sofre com esse terrível 'causo' que tornou a África o continente mais pobre e segregado de todo o mundo. Quando Bob Marley canta "Africa Unite" ele clama por essa união, que carece de fortalecimento individual e coletivo: "Africa Unite / Because we're moving right out of Babylon / and we're going to our father's land" <i>("Africa unida / porque temos que sair da babilônia / e estamos indo para terra de nosso pai").</i><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Marley é um ativista conscientizado e atento à realidade de seu tempo, que infelizmente se perpetua até os dias atuais. "So Much Trouble In The World" é apenas um prelúdio das desgraças que assolam o mundo. Não por coincidência, é a primeira faixa do álbum. Para ele, (sabiamente) só uma união muito grande pode evitar com que mais catástrofes aconteçam em esfera universal. Como aquela famosa frase: 'live together, die alone'.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><blockquote style="font-family: Verdana,sans-serif;">So you think you've found the solution, <i>[Então você acha que encontrou a solução]</i><br />
But it's just another illusion! <i>[Mas é apenas outra ilusão!]</i><br />
So before you check out this tide, <i>[Antes de checar esta maré]</i><br />
Don't leave another cornerstone <i>[Não deixe outra curva]</i><br />
Standing there behind, eh-eh-eh-eh! <i>[Vegetando lá atrás, eh-eh-eh-eh]</i><br />
We've got to face the day; <i>[Temos que enfrentar o dia]</i><br />
Ooh-wee, come what may: <i>[Venha o que vier]</i><br />
We the street people talkin', <i>[Nós, as pessoas da rua conversando]</i><br />
Yeah, we the people strugglin'. <i>[Nós, as pessoas lutando]</i><br />
</blockquote><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">"One Drop", umas das músicas mais instigantes de Bob Marley, indica que a batalha e a união dos mais fracos é o caminho certo de Jah, porque, como ele mesmo canta em sua canção, 'we no want no devil philosophy' ('<i>não queremos essa filosofia do capeta'</i>).<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: center;"><object height="405" width="545"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/1rw9XIl8F3g&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/1rw9XIl8F3g&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="545" height="405"></embed></object> <br />
</div><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Mas, de todas as canções, os marleymaníacos (como eu) hão de concordar que "Zimbabwe" é a música-chave de "Survival". Ela foi composta para ser tocada no dia da independência do país-canção da Rodésia, colônia britânica comandada pela oligarquia branca no poder, e acabou se tornando um hino (mesmo que não seja oficializado) no Zimbábue, que se tornou independente em 1980. "Zimbabwe" não é apenas o claro exemplo da necessidade de enfrentar as agruras do sistema em um país que foi marcado pela tragédia separatista do apartheid, mas clama a luta, o esforço que deve vir do cidadão comum para lutar pelos seus direitos ('we gonna fight / fight for your rights').<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Também não é só uma extensão de "Africa Unite" e o remodelamento de uma unidade pátrio-racial para tentar acabar com o preconceito contra os negros e africanos no globo, mas, sim, um verdadeiro ato de entrega às origens de Bob Marley à mãe África, uma contribuição histórica ao povo daquela região, ou, mais ainda, uma forma representativa do compositor em batalhar pelo lado que sempre esteve: ao lado dos jamaicanos, das origens africanas, da paz universal, do amor pelo outro. Essa é uma revolução da qual Bob Marley jamais reincidiu. Uma revolução, além de tudo, humanitária.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: center;"><object width="545" height="405"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/5DFXRceCCuw&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/5DFXRceCCuw&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x5d1719&color2=0xcd311b&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="545" height="405"></embed></object><br />
</div><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-51224313365425944482009-12-04T18:00:00.002-02:002009-12-04T18:00:00.769-02:00'Cidade do Sol': romance e fatos históricos na dosagem certa<div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><a href="http://telatomazeli.com.br/coluna/fotos/765" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://telatomazeli.com.br/coluna/fotos/765" width="224" /></a><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i>A Cidade do Sol</i>, de Khaled Hosseini, é mais que um bom livro. Ele é um extenso aprendizado na trajetória da vida. O autor pondera de forma excepcional a emoção contida na história de duas mulheres que vivenciaram a transição política do Afeganistão para uma república islâmica. Além disso, carrega o difícil fardo de apresentar o cenário daquele país de forma instigante, sem cometer o pecado fatal de deixar o leitor desinteressado pela linguagem que mescla um pouco de História e romance.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Laila e Mariam, as personagens principais da obra, são duas mulheres que vieram de origens diferentes, mas que passaram por provações similares, decorrentes do difícil momento que o Afeganistão passava por volta de 1978. Mariam, que era a mais velha, perdeu as esperanças logo quando jovem, quando se viu obrigada a casar com um homem que mal conhecia depois de perder a mãe de forma trágica. Tempos depois, nasceu Laila, que vinha de uma boa família e teve uma ótima educação, pois seu pai era professor universitário.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Só que o Afeganistão passaria por um triste período histórico. Com a Guerra Fria, os soviéticos invadiram o país para conquistar influência geopolítica e causaram um imenso caos. Muitos não concordavam com a passividade do governo da época, o que acabou suscitando em uma guerra civil muito violenta.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Cabul, a capital do país, estava sob o espectro da violência. Muitos que se alistaram (na obra, os irmãos de Laila, que ela nem chegou a conhecer, exemplificam o mal estar da guerra numa família) acabaram montando grupos de resistência para tomar o poder. Para combater o 'mal' do comunismo, eles se organizaram em prol da religião árabe, o islã, e tornaram o Estado, antes democrático, fundamentalista.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">As mulheres não podiam sair sem a burca e nem andar desacompanhadas de seus maridos, senão seriam linchadas em praça pública. Todos deveriam fazer suas orações diárias e não podiam ficar perambulando à toa, senão também apanhariam. É nesse cenário que Laila e Mariam se conhecem e passam a compartilhar a sobrevivência diária sob o mesmo teto. Soma-se às dificuldades das protagonistas o fato de o marido delas, Rashid, ser um homem extremamente impaciente, arcaico, machista e violento.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Hosseini acerta na dosagem de dramaticidade, porque não apela para o sentimentalismo do leitor e nem deixa a história previsível. Ele apresenta as personagens de uma maneira que instiga bastante, sempre alternando o romance com o conflito do Afeganistão.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Lendo <i>A Cidade do Sol</i>, o leitor acaba aprendendo mais sobre um país pouco conhecido aos olhos ocidentais, entra em contato com a cultura local e com a triste condição das mulheres diante de um regime fundamentalista, além de se emocionar com a vivacidade das personagens, com os erros e acertos de Laila e Mariam, com os sonhos perdidos e a esperança reluzente que brotam de uma realidade injusta para mulheres como elas.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Altamente recomendado não só para as mulheres, que vão se identificar com cada ensejo das personagens, mas também para os homens, para valorizarem a importância do direito de liberdade e igualdade de suas companheiras. Mais que tudo isso, A </span><i style="font-family: Verdana,sans-serif;">Cidade do Sol </i><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">é um livro para a vida, que reforça o talento e a habilidade de trabalhar o romance dramático de forma estimulante do escritor de <i>O </i></span><i style="font-family: Verdana,sans-serif;">Caçador de Pipas.</i><span id="goog_1259944389234" style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><span id="goog_1259944389235" style="font-family: Verdana,sans-serif;"></span><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-68472112258945290642009-12-02T22:11:00.000-02:002009-12-02T22:11:15.042-02:00O Afeganistão - e os rumos do mundo - nas mãos de Obama<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://aloisiomilani.files.wordpress.com/2009/10/barack-obama1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="http://aloisiomilani.files.wordpress.com/2009/10/barack-obama1.jpg" width="640" /></a><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">O problema de ser centrista é que as críticas vêm de todos os lados, não importa se tenha ou não fundamentos. <b>Barack Obama</b> está sentindo isso na pele com a Guerra do Afeganistão. Recentemente, <a href="http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u660424.shtml">o presidente americano aprovou o envio de mais 30.000 soldados</a>, a pedido do general Stanley McChrystal, para auxiliar na difícil missão de vencer a guerra. </span></div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Como se já não tivesse recebidos críticas demais dos esquerdistas e alguns membros do Partido Democrata por fomentar uma guerra, <a href="http://www.elpais.com/articulo/internacional/Barack/Obama/pone/juego/presidencia/Afganistan/elpepuint/20091202elpepuint_20/Tes">Obama agora comprou algumas birras com o Partido Republicano</a> - que em sua maioria apoia a permanência dos soldados no Afeganistão para combater o Talibã - por estabelecer um prazo para a retirada das tropas. Se até julho de 2011 não houver nenhum avanço no diálogo com a facção, os soldados voltam para os EUA. Os Republicanos argumentam que estabelecer prazos é um indício de fracasso na estratégia de guerra, por fazer com que os soldados operem sob pressão. Pelo menos não foi essa a impressão passada pelo <a href="http://www.revistapiaui.com.br/edicao_38/artigo_1185/A_longa_guerra_de_Stanley_McChrystal.aspx">general Stanley McChrystal</a>, que está comandando a operação. Segundo o jornal <i>El País</i>, o general se sente incentivado pelo prazo dado.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i> </i><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Capturar simpatizantes do Taleban e ir com tudo pra cima deles não é bem a tática de McChrystal. O general pretende cooptar árabes a lutarem do lado dos ocidentais para que a ordem seja estabelecida no Afeganistão. Difícil pensar em ordem com um exército estrangeiro em seu território. Ainda mais um exército que desconhece a língua do país em que está instalado. Portanto, as dificuldades para que os planos de Obama sejam colocados em prática são imensas. É uma batalha contra a diferença cultural dos soldados ocidentais em relação aos cidadãos afegãos; uma batalha contra a impunidade terrorista de ameaçar de morte os patrícios que delatarem o esquema do Talibã aos americanos; e, agora, uma batalha contra o tempo estipulado pelo presidente. Por um lado, esse prazo é bom porque agiliza o processo e dá uma esperança aos soldados que batalham nessa guerra; por outro, pode ser curto e dificultar no diálogo efetivo com os afegãos.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Provavelmente, Obama põe fé no diálogo parcimonioso para solucionar a triste situação a que o Afeganistão se encontra. Mas, como se vê, o cenário não ajuda muito. McChrystal vai ter que tomar atitudes bem pensadas para que a guerra não seja em vão.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><b>O PESO DA GUERRA</b> <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">A proposta de Obama em trazer um ambiente mais pacífico ao Afeganistão com certeza está relacionada à sua origem muçulmana e, talvez, ele aposte nisso para conquistar com êxito seus objetivos naquele país. Soma-se a isso a sua batalha pelo apoio do partido oposicionista (que é a favor da guerra) para que seus projetos sejam aprovados com mais facilidade. <br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Por outro lado, o peso da responsabilidade de manter uma guerra é muito grande. Muitos críticos até relacionam essa política de Obama com a do democrata Lyndon Johnson na Guerra do Vietnã, que foi derrotado pela retórica belicista de Richard Nixon, do Partido Republicano, nas eleições de 1968. Se Obama fracassar, o slogan da mudança vai pro ralo. É algo muito ousado e arriscado por quatro motivos:<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i> <br />
</i><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">1 - Se Obama não vencer essa guerra, o Partido Republicano vai cair matando em sua estratégia e vai fazer o possível para que os cidadãos americanos adotem a política do medo, tal qual fez Bush depois de 11 de Setembro. Não é de se admirar que essa cena se repita.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">2 - Obama pode perder a confiança de seus eleitores e pode obter um índice de desaprovação imenso não só em casa, mas também em toda a comunidade internacional, que irá associar essa derrota à sua inexperiência política. Ele pode nunca mais se candidatar.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">3 - A carga de preconceito com os negros com certeza pode se elevar. Aliás, Obama é o primeiro presidente americano negro da história e carrega consigo um legado muito grande. O peso de vir de uma raça que foi escravizada durante anos pelos eurocentristas e que, quando tem a oportunidade de estar no poder, também se vê passível a cometer erros, é muito grande. Adoraria não afirmar isso, mas sei que essa ira racial é algo que pode ruir, principalmente em um país como os Estados Unidos.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">4 - Os muçulmanos, que já são ridicularizados e alvos de preconceito pelos ocidentais, estarão em uma barreira cada vez mais intransponível no diálogo com a comunidade internacional. O que vem depois disso pode ser perigoso. Algo como uma Guerra Fria entre culturas e raças, não mais potências hegemônicas.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Por mais que seja contra guerra, há motivos para confiar em Obama. Porque ele sabe que tudo isso está em jogo. Dar um prazo para o término dessa guerra, em minha opinião, foi a decisão mais sábia no momento. Pelo menos se os Estados Unidos simbolicamente perderem essa guerra, já estarão precavidos para retornar com a consciência limpa, sem cair no crasso erro de prolongar os efeitos danosos que já foram - e os que ainda vão ser - marcas dessa guerra que, nas palavras do presidente, aparenta ter um fim, esteja ele próximo ou não.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Agora, a questão da confiança em Obama vai pesar bastante.<span id="goog_1259792411469"></span><span id="goog_1259792411470"></span><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i></i><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><i> </i><br />
</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3975195209617579472.post-42814718315089619692009-12-01T11:22:00.001-02:002009-12-01T11:23:46.703-02:00Celebridades: o verdadeiro motivo para que os brasileiros passem mais tempo no Twitter<div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://webmanario.files.wordpress.com/2008/05/twitter_full111.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://webmanario.files.wordpress.com/2008/05/twitter_full111.jpg" /></a><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O Ibope Nielsen Online fez uma pesquisa e constatou que, atualmente, os brasileiros são os usuários que ficam mais tempo no Twitter, chegando a gastar 56 minutos por mês no serviço do microblog. Os americanos, que somam um total de quase 19 milhões de usuários (ante os 8,7 milhões de brasileiros), passam até 31 minutos por mês no Twitter.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Se a notícia é boa ou não, fica difícil saber. Mas o que se sabe é que o motivo para atrair tantos internautas em tão pouco tempo (um aumento de 58 vezes em apenas nove meses) a uma rede social está mais que óbvio: graças às celebridades, às fofocas que o microblog tem rendido assunto e, principalmente, o excessivo culto de personalidade que faz com que os famosos sejam motivo de reverência para os fãs e valiosas fontes de renda para a imprensa sensacionalista. Foi através desta ferramenta que Danilo Gentili fez uma declaração preconceituosa e Sasha provou que tem dificuldades com a língua portuguesa, só para citar alguns exemplos.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Os mais seguidos (<a href="http://twitter.com/huckluciano">@huckluciano</a>, <a href="http://twitter.com/manomenezes">@manomenezes</a> e <a href="http://twitter.com/rafinhabastos">@rafinhabastos</a>), obviamente, justificam o gosto do brasileiro pelos assuntos que estão acerca das celebridades.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Entretanto, o Twitter pode ser uma ferramenta muito útil. Só depende de quem o internauta segue. Para quem gosta de se informar, por exemplo, basta seguir os principais jornais do mundo e profissionais da qual têm afinidade para montar seu próprio ambiente de notícias. A própria imprensa viu no Twitter uma ferramenta absolutamente vantajosa, porque encontra um ambiente em que pode entrar em contato com o leitor/espectador, informá-lo e angariar novos seguidores promovendo algum tipo de sorteio ou promoção.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">O <a href="http://atemporalizando.blogspot.com/2009/11/lula-aposta-na-moderacao-nas-relacoes.html">Irã</a>, por exemplo, que teve uma suspeita de fraude nas eleições deste ano, serve como grande exemplo da importância da ferramenta e do poder da notícia em tempo real. Já que nem todos podiam ir às ruas para protestar, muitos escancararam ao mundo a onda de repressão que havia tomado conta do país e, com um aglomerado de 140 caracteres, sensibilizaram os internautas. Mais do que uma grande invenção, o Twitter está se transofrmando em uma verdadeira tendência.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Biz Stone, um dos criadores do Twitter, quer lançar um serviço pago para as empresas terem um relacionamento mais frutífero com seus seguidores. As celebridades, motivo principal dos brasileiros aderirem ao microblog, com certeza vão se jogar nessa onda para ganhar um 'extra'.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;">Aliás, o brasileiro alimenta isso mesmo.<br />
</div><div style="font-family: Verdana,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Pelo menos é o que dá a entender.</span><br />
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</div>Tiago Ferreira da Silvahttp://www.blogger.com/profile/05156898875069030568noreply@blogger.com2