Atualmente os jornalistas de todo o mundo, principalmente os brasileiros, vivem um momento delicado na profissão. A incerteza do impacto das novas mídias tirou a estabilidade de muitos profissionais, já que a era da internet praticamente dizimou o paradigma do "pague pelo conteúdo", que algumas empresas jornalísticas pretendem resgatar.

Aqui, a lei aprovada ano passado que acaba com a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão causou polêmica, suscitando em reivindicações que até hoje ganham respaldo da imprensa. 

Muito se fala do verdadeiro papel do jornalista, que deve ser exercido indubitavelmente com ética, mas, como resistir às tentações? 

Tentações como: pra que ficar conversando duas horas com uma fonte que se materializará em apenas duas linhas da reportagem? Por que se envolver diariamente em leituras densas se ao final do dia terei que entregar o material exigido pelo editor/diretor? Por que dar atenção ao público?

Rupert Murdoch, bilionário dono da Time Incorporation, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo (que inclui os jornais Washington Post e The Times), certa vez admitiu que vê os jornalistas como operários que devem seguir um protocolo para que o jornal ou site saia redondo no prazo estabelecido. Atualmente ele está em pé de guerra com o Google e pretende cobrar pelo conteúdo informativo de suas publicações.

Alguns estão demorando a entender, mas a profissão de jornalista está passando por uma revolução que não pode ser ofuscada. Qualquer um, hoje em dia, pode ser jornalista. Basta criar um blog, montar uma rede social informativa ou atualizar conteúdo via WAP pelo celular. E isso é muito bom. Afinal, o público não é a maior preocupação do profissional em jornalismo? Quanto mais informação o leitor/espectador/internauta dispor, mais ele se sentirá informado.

Todavia, para tudo há um porém. O excesso de informação está deixando todo mundo meio louco. Embasbacado mesmo. Nem mesmo logado com as redes sociais os internautas se dão conta de tudo o que está acontecendo. Não é que acontece muita coisa; é que noticiam muita coisa. Muito desse material passa longe da triagem de um jornalista.

Portanto, o que resta ao jornalista é o seu nome, a sua conduta como profissional, e isso pode levar um tempo para ser conquistado. Na minha opinião, com a enxurrada de conteúdo postada em todos os meios de comunicação, os receptores ficarão mais atentos com a pessoa que produz o material, e não a empresa de comunicação que está por trás.

Algumas exceções aparecem - o que pode ser bom ou ruim -, mas a pessoa, o jornalista, o indivíduo que escreveu a matéria fica mais exposto com a reportagem ou artigo que assina o nome. Na prática, tal fato deveria contribuir para melhorar a qualidade dos textos escritos - o que em muitos casos realmente acontece. 

Mas bato o pé por algumas falhas que deveriam ser corrigidas. Por exemplo, quando um portal ou mesmo um jornal traz uma hard news (que em jargão jornalístico significa notícia de última hora), deveria colocar a assinatura do profissional que a redigiu, independente se é estagiário, CLT, free-lancer, diretor, presidente... Em muitas dessas notícias se vê a assinatura "Da Redação", que em minha opinião é um verdadeiro exemplo de anti-serviço público. Afinal, como confiar em um conteúdo redigido por alguém que não conheço?

Acredito que este fato contribui para a preguiça nas redações, já que o profissional se sentirá a vontade de fazer uma triagem pela internet de outras publicações e fazer um Ctrl+C, Ctrl+V para ser publicado o mais rápido possível. E esse método da rapidez é sustentado pelos empresários da comunicação, que cada vez mais mostram que estão se lixando para a opinião pública.

Por isso que hoje, 7 de abril, no Dia do Jornalista, todos os profissionais deveriam repensar a profissão porque ela passa por um momento delicado que exige a reflexão daqueles que fazem a notícia acontecer. Ou as duras palavras de Murdoch podem ser mais verossímeis do que pensamos.


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