domingo, 10 de maio de 2009

Um mergulho na futurologia de Ray Kurzweil

"O universo não é consciente ainda, mas será", prevê um dos futurólogos mais levados a sério no meio científico, Ray Kurzweil. Ele acredita que até 2045 as máquinas ultrapassarão os seres humanos em conhecimentos intelectuais e solucionarão todos os problemas recorrentes à saúde e à melhoria de vida, como a cura de doenças virais, extermínio da poluição e o alcance da tão sonhada eternidade. Tudo por conta da capacidade de armazenamento do nosso cérebro em robôs nanotecnológicos.

Essa amplitude de possibilidades é o emblema dos avanços irrestritos no campo da ciência. Pode parecer um puro delírio, mas essa profecia à lá Matrix pode ser a consequência das inúmeras invenções que moldaram todos os costumes, e até mesmo a espécie humana.

Os computadores são a bola da vez e mantêm a estabilidade de pelo menos 90% de todo o giro econômico mundial. A internet fincou as entranhas no cotidiano do dito ser humano civilizado e alimenta a dependência de seus recursos para a simbólica melhoria de vida social. Ela também ajudou na construção de uma 'cultura customizada'; temos facilidade de comprar o que queremos, falar com quem quisermos momentaneamente e escolher toda a programação que quisermos, apenas com alguns cliques. Tamanha eficiência suscitou no comodismo, anteriormente execrado pela geração de nossos pais e avós.

Uma busca sem precedentes para a solução das diversas dificuldades, que interferem a bolha da perfeição social, permite às máquinas deterem o poder de conforto aos humanos desesperados. Se antes um prenúncio de epidemia apavorava um contingente populacional, hoje em dia esse clima pode ser amenizado com a confiança do homem no poder científico.

E é justamente esse depósito excessivo de confiança que pode se tornar a problemática para o futuro não tão distante previsto por Kurzweil. Se antes uma doença como a gripe, por exemplo, causava esturpor, dentro de poucos anos se tornará banal, com a possibilidade de penetração de nanorrobôs em nosso interior para detectarem e eliminarem o vírus.

Aí é que vai nascer o conflito social dos homens e as máquinas, suscitado pelo próprio homem. Kurzweil afirma que é possível que as máquinas superem os animais racionais em intelectualidade e preconiza uma obsolescência humana se não tomarmos cuidados com a relação existente entre ambos. Por mais irônico que possa parecer, ele enxerga essa realidade virtual com bons olhos. Diz que pode haver uma mútua sociabilidade e que isso pode acarretar na procura da eternidade dos seres. Tal momento é o que ele define de Singularidade.

A História prova que grande parte dos avanços no campo científico-tecnológico influenciaram os homens a atingirem seus interesses particulares, tal qual a Teoria da Relatividade para a invenção da bomba atômica e a programação de computadores para a invasão no sistema operacional de órgãos governamentais. Portanto, se a máquina pode aprender a ser inteligente com os homens, da mesma maneira aprenderá a ser selvagem. O poder de conhecimento a mais apenas servirá como controle - que pode acabar transformando os homens em vassalos. E com um simples desejo artificial, bang!, o universo some.

Repensar tal cenário pode ser a nova filosofia digital. Evitar toda essa catástrofe social é um caminho para quem leva a sério as palavras do exímio inventor e futurista, que tem credibilidade suficiente para convencer até mesmo Bill Gates. Também deve ser levado em conta que toda essa profecia está passível a um equívoco grotesco. Pode ser que a tecnologia apenas continue satisfazendo as necessidades corriqueiras e avance no sentido de melhorar a vida do homem; como também pode ser que a degeneração dos recursos naturais esgote as possibilidades de vida e encerre definitivamente uma era histórica.

Toda essa visão futurista pode ser uma insanidade; Ray Kurzweil, como ser humano, também pode se dar ao luxo de cometer erros quiméricos. Mas, insanidade maior é deixar de refletir como vai se dar, futuramente, essa relação do homem com a tecnologia. Pode ter certeza que daqui há 30 anos nada será como agora.

Já cantava Sam Cooke: "A change is gonna come". A questão é: "how?"

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2 Atemporalizados:

Ricardo Soares disse...

vim agradecer a visita, o amável comentário e dizer que gostei bastante do seu blog... apareça sempre... abraço

Tiago Ferreira da Silva disse...

Ricardo,

Eu é que fico lisonjeado pela visita. Fique a vontade para navegar aqui e trocar amáveis comentários (hehehe....brincadeira). Estendo o comentário para que não deixe de visitá-lo também!

Abraço!

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