"One, two, three, four!" Preparem-se: a fórmula, a essência, o tempero, o gostinho pessoal, a autenticidade. Toda a incorporação das guitarras sujas, dos arranjos simplificados, um pouco da magnânima receita experimentada pelos roncos estridentes de Iggy Pop, a praticidade dos riffs iniciado por Lou Reed, um pouco de ideologia mesclado às vaidades adolescentes... Essas são algumas referências estéticas que deu a originalidade reconhecida a léguas dos Ramones.


O retorno à base é a terminologia crucial para entender não só o primeiro álbum, Ramones (1976), mas toda a obra que produziram. Provavelmente uma das bandas mais respeitadas do rock'n roll, eles ganharam notoriedade não por suas habilidades virtuosas, mas pela insistência e pela pura paixão de tocar. Dee Dee Ramone é um exemplo: tinha dificuldades para atingir os acordes mais difíceis. Sua vontade de fazer parte de uma banda o fez participar da seleção de um baixista para o Television. Tom Verlaine e Richard Hell o descartaram na hora, pois viram que ele não conseguia sair daquele ritmo de três notas. David Johansen, frontman dos New York Dolls, confessa a má primeira impressão: "Sou de última. Uma vez eu e Syl [Sylvain, baixista dos N.Y.Dolls] estávamos saindo do Performance Studios. A gente viu os Ramones ensaiando e eu disse: "Oh, esqueçam! Desistam!""

No início, Dee Dee estava projetado para ser o vocalista da banda. Porém, ele não conseguia aliar os vocais com o instrumento, dando lugar a Joey, um rapaz alto, ingenuamente engraçado e espalhafatoso. "Nós éramos só três. Eu estava na bateria. Dee Dee estava tocando guitarra base e fazendo o vocal. Quando Dee Dee começava a cantar, parava de tocar porque não conseguia tocar e cantar ao mesmo tempo", afirmou Joey Ramone.

Enquanto não achavam um baterista adequado para integrarem à banda, o cargo ficou por conta de Thomas Ederlyi, um amigo que frequentava o estúdio e explicava aos candidatos como era o estilo dos Ramones. Juntou-se a eles e criou seu novo pseudônimo: Tommy Ramone.

O Ramones bem podem ser lembrados por representarem a quebra de estigmas no âmbito musical. Alguns dos bluesman que originaram o rock possivelmente se decepcionariam com a quiçá polêmica declaração de Johnny Ramone, guitarrista da banda: "Eu odeio solos."

É fácil perceber isso. A canção introdutória de Ramones, "Blitzkrieg Bop", é o arremesso de uma bomba atômica às convenções roqueiras da época. Não é a toa a analogia à Segunda Guerra Mundial logo na primeira faixa. As 13 demais, só por serem finalizadas em apenas uma semana com um gasto de U$$6.400 já se tornaram históricas no dia do lançamento. "Fazer um álbum em uma semana e produzi-lo por esse preço era inédito, ainda mais um álbum que de fato mudou o mundo. Ele inaugurou o punk rock e deu início àquela coisa toda - e também nos lançou", disse o vocalista.

Como letristas, os Ramones sempre expressaram a realidade que viveram ou contaram de maneira peculiar algum fato que realmente os marcaram. "Beat on The Brat" [Pau no pirralho] foi uma história verídica presenciada por Joey. "Joey viu uma mãe atrás de um garoto com um bastão no prédio dele e escreveu uma canção sobre isso", confirmou Dee Dee Ramone.

A simplicidade da banda atraía os versos da maneira mais espontânea possível. "Forest Hills era uma zona de classe média cheia de gente rica metida a besta com seus pirralhos berrões. Era cheia daqueles porras de garotinhos correndo por lá, que eram realmente irritantes. E não é que os pais batessem neles, era você que tinha vontade de bater neles, eram mimados. (...) Foi por essa época que escrevi "Judy Is a Punk"", confessou, sem pudor, Joey Ramone. Andando pelo bairro, ele foi observando os garotos bebendo nos telhados dos prédios e os versos da terceira faixa do álbum foram se formando a cada esquina virada.

As famosas canções com o termo "I Wanna" foram os moldes essenciais da excentricidade informal dos Ramones. Provável herança da primeira fase dos Stooges ("I Wanna Be Your Dog"), uma jorrada de desejos adolescentes emplacariam no primeiro trabalho: "I Wanna Be Your Boyfriend", "Now I Wanna Sniff Some Glue", "I Don't Wanna Go Down To The Basement" e "I Don't Wanna Walk Around With You" exemplificam.

O que se tem é a nascente que daria rumo aos pérfidos cursos que o rio do punk rock seguiria em um futuro não tão distante. Munidos com: vinte e nove minutos da simbólica maestria de ser um rock star; catorze faixas que ilustram o mais autêntico dos grupos punk; quatro integrantes que diluiram as influências dos antecessores ao movimento e moldaram toda a história da música. Isto é Ramones e é muito natural.

Para baixar o álbum, clique aqui. Boa audição!
(Fonte: http://alexsala.kit.blog.br/2009/01/08/the-ramones-discografia/)

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1 Atemporalizados:

Mateus Costa disse...

IiIi, MUITO MASSA ISSO, RSRS
SEU BLOG, MEIO ESCURIM, FICO MUITO MASSA, PARABÉNS.
Mateus, Itapetinga-BA, Brasil

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