segunda-feira, 20 de abril de 2009

13 (e última). Punk rock de protesto


ÚLTIMO DOS PUNKS -> THE CLASH (1977)

Se for analisar as letras da maioria das bandas barulhentas de punk rock, é possível perceber a ausência de um senso de ativismo - um envolvimento voraz com a música que incite a vontade de alterar um sistema perpétuo na segregação de classes.

Por trás de uma Inglaterra bem vista no cenário mundial e ovacionada pela nobreza de sua rainha, existia um ambiente degradante nas ruas de Londres, que acabou incitando a exportação da crueza do punk nascido em Nova York. Duas bandas revolucionaram esse cenário: Sex Pistols e The Clash.

Enquanto os Pistols bradavam uma energia apocalíptica, os membros do The Clash engajavam argumentos políticos contundentes nas letras de suas canções (mais ou menos como o papel da Canção de Protesto no Brasil).

Joe Strummer, o lendário vocalista da banda, raciocinava a partir de uma lógica: a música também deve ser revolucionária e ativa aos ouvidos de quem a aprecia. Vestidos com a camiseta do esquerdismo, bombardearam a aristocracia inglesa e, ao contrário dos Sex Pistols, explicitaram suas ideologias utopistas com suas canções.

"White Riot" foi o primeiro single da banda. Com a pegada rápida dos Ramones, em dois minutos The Clash fala sobre racismo, batalha, história... Strummer cita o movimento dos Black Panthers e sugere uma união entre brancos e negros a favor da multietnia, ligando um ponto em comum: todos são igualmente oprimidos pelo sistema.


De início, era Joe Strummer nos vocais e na segunda guitarra; Mick Jones na guitarra solo; Paul Simonon no baixo; Terry Chimes na bateria; e o guitarrista Keith Levene. Os dois últimos saíram e Topper Headon assumiu as baquetas da banda. "Janie Jones", a primeira faixa da versão inglesa, revela a habilidade de Headdon. "I Am So Bored With The U.S.A." é um reclame ao papel internacional da maior potência do mundo; a propaganda bélica americana, por exemplo, nem sempre leva em consideração o sujeito por baixo das fardas militares que luta no Camboja. "Remote Control" e "Complete Control" contestam o famigerado papel do Estado em manter a ordem das coisas. Além destas, fazem parte do repertório pesos pesados como "London's Burning", "What's My Name", "Hate and War" e "Police and Thieves".

E o que se tem? Um trabalho primoroso na estética punk. Para atingir maior sucesso comercial na terra do Tio Sam, eles lançaram um álbum com algumas canções diferentes para a versão americana. "(White Man) In a Hammersmith Palais" e "I Fought The Law", algumas das exclusivas, já denotavam a característica experimental do The Clash. As raízes do dub, ska e reggae foram influências para a instrumentalidade destas canções - algo que seria mais trabalhado no elogiado London Calling, gravado dois anos depois.

Provavelmente o The Clash simbolize o desvio da conduta niilista que algumas bandas punk acabaram trilhando. Com uma postura mais politizada, eles mostraram a cara da Inglaterra setentista e estamparam a importância dos jovens para a escalada do progresso social. Entretanto, isso foi mudando com o tempo. Strummer e banda foram focando na experimentação de ritmos diferenciados e conquistaram uma legião de novos fãs, além da crítica especializada. Hoje, são considerados uma das maiores bandas de todos os tempos graças ao conteúdo das voracidades e da ousadia em unir reggae, dub, ska, rap, jazz, funk e rockabilly ao punk rock. Pouca coisa?

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