segunda-feira, 27 de julho de 2009

Da lama ao groove, do groove ao mundo

** 15 anos do álbum "Da Lama Ao Caos", de Chico Science & Nação Zumbi **


Quando Chico Science lançou Da Lama ao Caos, junto com a Nação Zumbi, conseguiu realizar a profecia da primeira frase do álbum: "Modernizar o passado é uma evolução musical". O trânsito entre a futura geração cibernética e o passado atrelado às raízes nordestinas - que vão de Luiz Gonzaga à Lampião -- emergem numa cena que, dentre os muitos tiros objetivos (e certeiros) que disparou, teve o principal encargo de estampar ao mundo a decadência social que estava disseminada na capital pernambucana, Recife.

Só que nada dessa aversão se restringiria ao regionalismo. Science tomou parte dos jargões e sotaque pernambucanos com uma intensidade tão tocante, que quando o ouvinte ousa cantar junto às canções, acaba pegando aquela fala arrastada, típica de Pernambuco. Talvez a questão linguística de Chico & Nação tenha sido a chave para que a existência de um Brasil independente do eixo Rio-SP se transpusesse numa outra vertente lírica, enquadrada no quesito de música popular e, ao mesmo tempo, erudita.

Erudita porque faz um revisionismo da cena pernambucana e está imbuído de uma crítica sócio-econômica que põe em xeque o papel fortalecedor da palavra "Cidade". Para certificar, basta escutar a faixa "Banditismo Por Uma Questão de Classe": "E quem era inocente hoje já virou bandido / Pra poder comer um pedaço de pão todo fudido / Banditismo por pura maldade / Banditismo por necessidade / Banditismo por uma questão de classe". Chico analisa que a questão social interfere muito mais no cotidiano do cidadão quando ele está inserido na cadeia alimentar do capitalismo. Por exemplo, o cara vê um carrão importado estacionado na praia de Boa Viagem e quer o mesmo pra ele, pois está cansado de ser oprimido e arremessado pra baixo. Todavia, não é a necessidade que fala mais alto. É a tal da posição na sociedade. Era um clamor parecido com o que Mano Brown vociferava nos Racionais, só que analisado sob uma visão de terceira pessoa, como se Chico Science estivesse exercendo a arte de seu sobrenome. Já Brown toma parte de um discurso empírico, um ato que está intrínseco àquilo que ele vivenciou em pele, carne e osso.

Chico joga Recife pro fundo do mangue quando associa sua atual (sim, atual!) industrialização com um negro passado de exploração, legado da invasão holandesa. Foi uma batalha mal sucedida de tentar erguer uma metrópole que caminhasse nos moldes das exigências capitalistas, separando drasticamente as minorias detentoras do poder e a maioria grotesca de pobres e miseráveis. Aqui, deve-se levar em conta que Recife, antes da instauração da ditadura militar, era praticamente considerado o terceiro coração industrial do país. Com Castello Branco no poder, todo o investimento foi centralizado nas principais cidades do Sudeste, e a trajetória econômica de Recife acabou ficando estagnada, dando lugar a uma corrosão que a transformou numa das piores cidades para se morar. No manifesto "Caranguejos com Cérebro", elaborado pelo jornalista Renato Lins e o compositor Fred Zero Quatro, do Mundo Livre S/A, a capital pernambucana é descrita da seguinte maneira:


"Após a expulsão dos holandeses no século XVII a (ex) cidade 'maurícia' passou a crescer desordenadamente às custas do aterramento indiscriminado e da destruição de seus manguezais. Em contrapartida, o desvario irresistível de uma cínica noção de 'progresso', que elevou a cidade ao posto de metrópole do Nordeste, não tardou a revelar sua fragilidade. (...) Nos últimos trinta anos a síndrome da estagnação, aliada à permanência do mito da 'metrópole', só tem levado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano"


Apropriando-se do termo 'caranguejo' para revelar a cena do 'mangue', Science e os pernambucanos que formavam essa cena, da qual incluem-se o músico Zero Quatro e o jornalista Renato L., costumavam se encontrar nos mesmos lugares, onde uma galera seleta discutia tudo quanto fosse possível relacionado à música. Em suas experimentações, Science fez uma mistura do vocal rápido e estilhaçado do hip hop com as batidas do maracatu, a percussão do coco, um pouco do regionalismo do frevo e a guitarra elétrica do rock. Todo esse caldo instrumental era calcado pela distopia que o princípio de 'progresso' havia transfigurado a cidade de Recife. Chico Science vivenciou essa abordagem ao longo de seus 30 anos de vida, passando por uma infância sem muitos recursos financeiros na periferia da cidade de Olinda. Desde os 14, frequentava os bailes funk da época, regados ao som dançante de James Brown e Grandmaster Flash -- sempre escondido dos pais, é claro.

Chico passou por muitas experiências antes de formar o Nação Zumbi. Em 1987, quando já travava relações musicais com Jorge Du Peixe (que tocava alfaia e agora é o vocalista da NZ), uniu-se a Dr. Mabuse (alter-ego de José Carlos Arcoverde) e fundou o Bom Tom Rádio - que durou até 1990 -- focando em uma estética hip hop misturada ao dub, soul e psicodelia. A banda se inspirou nos DJ's jamaicanos de jungle, que exploravam o ritmo acelerado de baixo e bateria entre os anos 70-80; e nos ritmos do breakbeat e do dancehall, que executavam letras de rap durante os scratches e a rápida união entre baixo/bateria. O domínio dessa técnica aterrissou na América do Norte e recebeu um outro tratamento, do qual hoje denomina-se drum'n bass. Para reproduzir as remixagens, Mabuse assumia o baixo, Du Peixe a bateria e Science comandava, ao mesmo tempo, vocais e pick ups. Vale lembrar que nessa época a alcunha de Science ainda não lhe era atribuída; Francisco de Assis França ainda era Chico Vulgo.

Nas andanças do Bom Tom Rádio, Chico fazia o máximo para incorporar ritmos que supostamente tivessem alguma combinação, misturando tudo quanto fosse possível para atingir a batida perfeita. Influenciado por Afrika Bambaataa, o pioneiro do hip hop, ele queria resgatar as raízes dos sons dançantes e condensá-las a um liquidificador musical que realçasse o poder dos infortúnios de suas letras. Looking For A Perfect Beat, de Bambaataa, é tido como grande referência para o primeiro episódio do manguebeat. Tamanha obsessão, tamanha veemência pela batida, enchia aqueles músicos que tocavam com Chico de curiosidade. Foi a partir daí que Renato L. apelidou Chico Vulgo de Chico Science, por ser um 'cientista da música', um ávido pela união perfeita de sons.

O passo decisivo para a formação do Nação Zumbi veio quando Chico Science conheceu o Lamento Negro, um bloco de percussionistas que fazia parte do centro comunitário "Daruê Malungo", na periferia recifense. Era um grupo de negros que tocava com tanta energia, que influenciaria Science a ponto de incorporar à sua receita toda essa vibração eufórica e poderosa. Em 1991, quando fazia parte do Loustal, grupo que já contava com Dengue no baixo, Science chamou os membros de sua banda e batizou a união de 'Chico Science e Lamento Negro', trazendo Gilmar Bola 8 e Gira para tocar os tambores e alfaias. O nome Nação Zumbi veio novamente da referência de Afrikaa Bambaataa: Zulu Nation era um projeto do DJ que unia os preceitos que deveriam formular a cena do hip hop: paz, amor, união e diversão.

A formação do Chico Science & Nação Zumbi, que gravaria o álbum Da Lama Ao Caos, era de: Chico Science nos vocais; Lúcio Maia nas guitarras; Alexandre Dengue no baixo; Toca Ogam na percussão e nos efeitos; Canhoto tocando caixa (que ficaria pouco tempo, pois logo sairia do grupo e daria lugar à Pupillo); Gira, Gilmar Bola 8 e Jorge Du Peixe nas alfaias e tambores. E foi justamente no CSNZ que Chico pôde por em prática todos os ritmos de sua influência - ciranda, maracatu, frevo, rock (com Lúcio), funk, hip hop, dub e música eletrônica -- munidos com o peso dos tambores. Daí nascia o principal grupo da cena manguebit.

"A Cidade", conhecida faixa de Da Lama ao Caos, foi escrita ainda nos tempos do Bom Tom Rádio. Segundo o estudo "Do Tédio Ao Caos; Do Caos À Lama: os primeiros capítulos da cena musical mangue", elaborado por Getúlio Ribeiro, a versão cantada pelo primeiro grupo de Science era diferente da atual. "A versão do Bom Tom Rádio, por sua vez, traz um arranjo bem mais enxuto, composto apenas por bateria, baixo, scratchs e vocais. Nesta gravação, a música é basicamente um funk 4/4 executado pelo baixo e pela bateria, com efeitos de scratch apenas no início e no final da peça, o que provavelmente se deve ao fato de Chico, que fazia os scratchs, ter de dividir as suas funções entre os efeitos e os vocais".

Junto com o Nação Zumbi, "A Cidade" ganha um tratamento mais multifacetado. A faixa é unida ao coco, maracatu e à guitarra elétrica de Lúcio Maia. Nela, mais uma vez o antagonismo entre a história de exploração e a construção de um espaço decadente com o viés da industrialização, constitui a base do conceito de cidade. "O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas / Que cresceram com a força de pedreiros suicidas / Cavaleiros circulam vigiando as pessoas / Não importa se são ruins, nem importa se são boas". A teoria marxista de que o giro econômico é a ideologia perfeita de crescimento para os detentores do poder, atinge o grau máximo nessa crítica de Chico Science. Isso porque se relaciona o sertão, as pequenas cidades rurais e as regiões da mata do Pernambuco ao espectro do atraso, onde as oportunidades de se ganhar dinheiro são dissipadas pelo baixo investimento industrial nessas áreas. E, para suprir essa carência, "a cidade se apresenta centro das ambições".

Apropriar-se do termo 'mangue' possibilita navegar em toda exclusão que o conceito de capitalismo massacra nas grandes cidades. Enquanto os ricos vão ficando cada vez mais ricos, o mangue, dependência da capital pernambucana, é estilhaçado, jogado de lado, esquecido. Em "Rios, Pontes & Overdrives", escrita em parceria com Zero Quatro, Science trabalha essa dualidade do atrasado com o evoluído, através de um contorno na problemática social que impede a integração destes dois conceitos incompatíveis. E é justamente essa incompatibilidade que transformou Recife "na quarta pior cidade do mundo", nos anos 90. "E a lama come mocambo e no mocambo tem molambo / E o molambo já voou, caiu lá no calçamento bem no sol do meio-dia / O carro passou por cima e o molambo ficou lá". Enquanto mocambo (terra de assentamento dos quilombolas) e molambo (roupa velha) estão relacionados à pobreza, o carro, sinônimo de industrialização, atropela casualmente, como se fosse uma cena comum à cadeia social excluir e passar por cima daquele que não joga o jogo disputado do capitalismo.

Na canção "A Praieira", Chico rememora a cultura popular que está atrelada à cidade litorânea de Recife e Olinda: a ciranda. Em uma roda descompromissada, geralmente na beira da praia ou em grandes praças, um grupo de pessoas executa individualmente os passos que sabe fazer, ritmados a uma canção lenta que pode ser acompanhada por todos os integrantes. A parte instrumental fica por conta da zabumba, o ganzá, que é um tipo de chocalho metálico, e o maracaxá, outro chocalho só que mais rústico, normalmente utilizado em rituais de candomblé. A clássica frase "Uma cerveja antes do almoço é muito bom / Pra ficar pensando melhor" soa como o estímulo de um velho revolucionário que ainda assim valoriza suas raízes culturais. Nesta canção, os bumbos batidos com força, a onipresença do maracaxá e o riff de Lúcio Maia acompanham o simulacro de Chico Science, que canta como se realmente estivesse numa roda: "Vai pisando-te, segurando-te, arrastando-te, arrastando, arrastando, é praieira, é praieira, é praieira". Esse trecho vem com um falsete que remonta à efetiva participação do vocalista numa ciranda enquanto cantava nos estúdios.


O ano era 1994, pré-história da internet aqui no país; mas os bits do computador já se faziam presentes no cenário pernambucano. A incorporação de "bit", junto ao mangue, se dá não apenas porque eles se autoproclamavam caranguejos com cérebro -- unindo a capacidade de recriar o imaginário com o computador ao intelecto e irreverência dos 'mangueboys'. Além disso, o 'manguebit' permite com toda liberdade o trocadilho de 'manguebeat', justamente pelo ideário de ousadia. Porque muito além de incorporar informação e evolução, que sempre estiveram arraigadas no conceito de tecnologia, os garotos do mangue foram responsáveis por toda a junção de elementos musicais e regionais que repercutiram no som de Da Lama Ao Caos. Isso justifica o fato dos mangueboys e manguegirls serem "indivíduos interessados em quadrinhos, TV interativa, anti-psiquiatria, Bezerra da Silva, Hip Hop, midiotia, artismo, música de rua, John Coltrane, acaso, sexo não virtual, conflitos étnicos e todos os avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência".

Paradoxalmente, o conceito de tecnologia que eles usam como apoio à disseminação das ideias, é passível a um deslize de conduta. "Computadores Fazem Arte", composta por Zero Quatro, antecipa que o mesmo equipamento que pode ser manejado para a difusão de informação, da mesma maneira é uma máscara manipulada pelos artistas que a usurpam e dizem dominar a arte. Se Walter Benjamin estivesse vivo para ouvir esse clamor, certamente complementaria que os computadores são retro-projetores de uma realidade fantasiosa, com seu poder de reprodutibilidade; e seu discípulo, Theodor Adorno, diria que é um avanço à fugacidade da vida -- a maquiagem perfeita para escapar do mundo já falso criado pelos arquétipos da comunicação de massa.

Deve-se lembrar que a devida autosuficiência dos 'garotos do mangue' estava dissociada das possíveis oportunidades financeiras que chegaram a ter. Ao contrário do que já foi um dia, Recife não respirava mais aqueles ares fidalgos de inteligência burguesa, que a destacaram como metrópole-colônia. Chico Science estava mais interessado no conhecimento das ruas, na observação do comportamento mais adequado ante as inúmeras portas que batiam na cara da maioria sofredora. E aí, Chico faz o convite que soa claro em "Antene-se": "Onde estão os homens caranguejo? / Minha corda costuma sair de andada / No meio da rua, em cima das pontes / É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo / Procurando antenar boas vibrações / Preocupando antenar boa diversão".

Tomando parte do discurso de um rapaz libertino, vagando pela conscientização de uma massa enganada com o rótulo de evoluída, Chico Science observa que esse espaço geográfico está mais que passível à violência. Ela virou cotidiano. A faixa-título passa essa ideia com eficácia, quando diz "um homem roubado nunca se engana", e situa dois personagens comuns praticando o ato falho do furto: "Peguei o balaio, fui na feira roubar tomate e cebola / Ia passando uma véia pegou a minha cenoura". É como se os dois atores sociais estivessem na mesma situação degradante, colocando no mesmo patamar o agente da classe média - no caso, a velha que vai fazer compras na feira -- e o miserável que tenta garantir a fartura ao ar livre. Ambos estão na mais baixa esfera da classificação capitalista. Na faixa, o peso dos riffs de Lúcio Maia dão um clima de sujeira, de desfavorecimento a essa situação.

O renascimento do groove é outras das predileções de Francisco de Assis França. "Samba Makossa", sexta faixa do álbum, é o exemplo típico. Makossa é um ritmo popular originário de Camarões, onde a ponderação do baixo e a presença da trompa ditam a musicalidade dançante. Não é bem um dos caminhos que Zero Quatro aponta em "Mistério do Samba", com o Mundo Livre S/A em 2000, mas, como em "A Praieira", é uma celebração à cultura popular miscigenada, herdada da mãe África. Há não muito tempo atrás, essa canção ficou conhecida nos vocais de Charlie Brown Jr. e Marcelo D2, com uma adaptação ao gosto da dupla, trocando o "bom da cabeça e um foguete no pé" - que associa a paz de natureza dos dançantes à cadência do samba -- por "bom da cabeça e o skate no pé" - interligando duas coisas distintas, como o samba e o skate, e apagando um pouco da maestria da composição.

Nesse groove de baque virado, Chico Neves, produtor musical de álbuns como Lado B, Lado A d'O Rappa, assina os samplers. É também de sua autoria as interferências eletrônicas em "Rios Pontes & Overdrives", "A Cidade", "Antene-se" e "Coco Dub (Afrociberdelia)".

Rajadas e trovões ainda estão por vir quando "Maracatu de Tiro Certeiro" surge na cena. Escrita em parceria com o futuro vocalista Jorge Du Peixe, a violência, a sede por se tornar um cidadão notável na era globalizada são dimensionados nos "olhos em brasa fumaçando". E, como um alvo de todo esse esturpor, "Lixo do Mangue", música instrumental sampleada por Chico Science e assinalada pelos gritinhos do produtor Liminha, são intercalados com os três acordes punk de Lúcio, dando vazão à pérfida singeleza do despercebido enterro de um indigente.

E quem disse que só de batalhas vive o 'mangueboy'? "Risoflora" vem para afagar um pouco a revolta dos caranguejos com cérebros, trabalhando uma bonita simbiose de sotaque e percussões regionais aos acordes da guitarra. A influência do dub vem à tona, dando um certo ar de profundidade ao sentimentalismo da canção: "Ô Risoflora / Vou ficar de andada até te achar / Te prometo meu amor, vou me regenerar".

"Salustiano Song" é uma ode instrumental ao 'patrimônio cultural de Recife', Mestre Salustiano. Ele foi um dos responsáveis por manter e incorporar junto à sua rabeca expressões populares como a ciranda, maracatu, coco, mamulengo e o forró. Além de músico, o Mestre era ator e artesão. Interpretava coreografias do bumba-meu-boi -- como o cavalo-marinho, uma integração folclórica entre homens e animais intermediados pelo Capitão Marinho. Em busca desse resgate à identidade nordestina, Lúcio Maia e Chico Science promovem um baião dançante nessa música, intercalados pelo baixo de Dengue, os efeitos virais de Toca Ogam e a alfaia de Du Peixe, proporcionando um tom mais lúdico à nona faixa.

Antecipando o título do próximo álbum, Afrociberdelia, a última canção de Da Lama Ao Caos trabalha sonoridades mais experimentais, onde se destaca o futurismo do dub. O groove acentuado mistura todas as vertentes exploradas pela NZ, usando e abusando dos samplers comandados por Chico Neves. "Coco Dub (Afrociberdelia)" explora baião, dub, coco, maracatu, frevo e tudo que tiver pela frente, emitindo um som psicodélico e ao mesmo tempo dançante, como se fosse uma viagem sob efeito de psicotrópicos.

Em Da Lama ao Caos, Chico & Nação queriam submergir da lama de Recife ao mundo, denunciando o caos e a miséria que instaurara na cidade nos 'últimos trinta anos'. Eles passaram toda essa letra com uma energia impactante, como se fosse uma representação da violência generalizada que invadira a capital pernambucana. Foi essa presença de palco, essa agrura nos tambores e essa mistura neoantropofágica que arremessaram Chico Science & Nação Zumbi direto para o mundo. Enquanto o álbum condensava as ideias, as apresentações a lançavam com vigor. Nos festivais de musica na Europa e nos Estados Unidos, a NZ aglomerava elogios, que vinham do público e especialmente da crítica. A experiência da projeção internacional mostrou um amadurecimento ao grupo com o lançamento de Afrociberdelia, pois nele o groove é elevado à máxima e a trajetória psicodélica de "Coco Dub", última faixa de Da Lama ao Caos, ganha ênfase com o apoio de Jorge Mautner, Gilberto Gil, Marcelo D2 e Mário Caldato no segundo trabalho do grupo. Em 1996, o manguebit já estava formado com a exposição mundial do caos recifense. No começo de 1997, nas prévias de carnaval, infelizmente um acidente de carro no caminho de Olinda para Recife levaria Chico Science desse mundo. O leito não linear seguiu, só que para fora do universo dos mortais.

Como legado emblemático, o hibridismo de Da Lama ao Caos fez florescer de forma significativa o âmbito da cultura pop. Provou que a junção de elementos dialéticos, regionais e eruditos podem cair no gosto popular e favorecer a mensagem que se quer passar com a música. A partir desse legado, entende-se que Da Lama ao Caos é uma soma de valores, influências e práticas que resultaram numa verdadeira música quântica.


Os membros mais antigos da atual formação do Nação Zumbi, da esquerda para a direita: em pé, Lúcio Maia (guitarrista), Toca Ogam (percussões) e Jorge Du Peixe (vocalista); sentados, Dengue (baixista), Pupillo (baterista) e Gilmar Bola 8 (percussões).


**************************************************************

*OBS 1: Da Lama Ao Caos assume 12ª posição na lista dos maiores álbuns brasileiros, organizados pela Revista Rolling Stone. Dia 23 de Julho, os atuais membros da Nação Zumbi fizeram um show para rememorar esta pérola. Entre os convidados, estavam Edgar Scandurra, Otto, Fred Zero Quatro e B. Negão.

**OBS 2: Para ler o manifesto "Caranguejos com Cérebro, organizado por Fred Zero Quatro e Renato L., clique aqui.

***OBS 3: Escute este emblemático álbum no plug-in abaixo:



Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs
quinta-feira, 23 de julho de 2009

O duplipensar de Netanyahu

Em um livro didático, Joãozinho lê que o Brasil "foi descoberto em 1500 por Pedro Álvares Cabral. Na nova terra, encontrou seres pelados que tinham costumes estranhos, como a submissão a mais de um Deus". Chegando em casa, ele conversa com o pai: "Como Pedro descobriu o país se os indígenas chegaram aqui primeiro. Não foram os índios que descobriram o país?". A resposta ficou vaga. O pai tentou explicar que foi a forma oficial de estampar o Brasil ao mundo. Astuto, João retrucou: "Só porque eles tinham caravelas?"

Futuramente, essa mesma dúvida pode martelar na cabeça de um garoto árabe que vive em Israel.
Binyamin Netanyahu, radical primeiro-ministro israelense, proibiu o uso da palavra 'nakba' (catástrofe) para descrever a criação do estado israelenese (1948) nos colégios árabes do país. Naquela ocasião, mais de 700.000 palestinos (que são árabes) que ocupavam a região foram expulsos dos assentamentos da chamada 'Terra Santa', para darem lugar aos judeus patrocinados pelos Estados Unidos.

Com essa medida, Netanyahu quer estimular o duplipensar, a manipulação da escrita que George Orwell (que foi
contemplado no post anterior) pôs em xeque na capacidade humana de satisfazer seus desejos maquiavélicos. Tirar dos árabes, que podem ser vistos como 'opositores' (pra não usar um termo mais pesado) à religião judaica, a liberdade de interpretar os acontecimentos, tomando como ponto de partida o prisma de sua religião, é um ato hediondo de reprimir a liberdade de expressão religiosa.

Porque detém o poder da casa, Netanyahu acha que pode convencer os estudantes árabes que o ato de Israel foi 'algo divino', consentido pelo Deus de suas Torás, e jogá-los contra os palestinos que sofreram - e ainda sofrem -- com o caos diário que ronda os assentamentos da Cisjordânia. Muito além de reprimir a liberdade de pensar dos árabes, é um mútuo desrespeito aos mais de meio milhão de palestinos que ficaram desabrigados por uma batalha religiosa excludente; e aos mais de 900 civis que morreram nessa disputa territorial movida pela ideologia.

Netanyahu já declarou publicamente que não vai dar trela àqueles que contrariarem aos ideários israelenses. Continuará na peregrinação do terror na Faixa de Gaza e ameaça, a qualquer custo, fazer o possível para desarmar seus inimigos. A recente prova dessa pauta ficou transparecida no encontro em que o Ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, teve com o presidente Lula e o chanceler Celso Amorim. Ele pedia a intervenção de Lula para que o Irã não avance nas pesquisas com urânio e tenha em mãos a bomba atômica. Lieberman pede que Lula assuma a liderança para 'negociar a paz' no Oriente Médio e, consequentemente, garanta a Israel a supremacia da região. Nenhuma decisão foi tomada ainda.

Alguns críticos apontam que essa decisão do governo israelense pode aumentar ainda mais a tensão entre os estados árabes e judaicos. Pegando carona nesse argumento, Netanyahu pretende fazer com que prevaleça sua imagem de autoridade em Israel e acaba assumindo uma posição tão nacionalista, que chega a ser autoritária. Assim como o Grande Irmão da Inglaterra Socialista de Orwell, o primeiro-ministro quer construir a seu bem querer um estado único, central, totalitário. E acaba desempenhando o mesmo papel de Mao Tsé-Tung na Revolução Cultural Chinesa -- moldar a história didática do país empregando termos positivistas para descrever o maoísmo.

Está longe de ser um comunismo chinês, que massacrou milhares de dissidentes no período de 1948-1970. Entretanto, Netanyahu acaba de subir o primeiro degrau para a dissolução da liberdade religiosa e interpretativa do país que assumiu há pouco tempo. É a tentativa de construir um amor à pátria, querendo regar sua história de feitos heroicos que inexistem.

Bem dizem que a educação é o pilar essencial para a construção de uma sociedade cívica. Maqueá-la, pode trazer consequências indesculpáveis na cabeça das crianças que lerem a tomada de Israel como um 'ato necessário, heroico e divino'. Provavelmente, não evitará que indagações como essa se tornem frequentes: "Sim, pai, mas como eles permaneceram na região, se já tinha habitantes que ocupavam essas terras?".

Pro pai explicar, vai ser mais uma longa "E"stória.

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs
quarta-feira, 22 de julho de 2009

Amazon cancela e-books de Orwell sem avisar


George Orwell deve estar se remoendo no túmulo. O site Amazon cancelou, sem avisar, o direito das versões digitais das suas principais obras, A Revolução dos Bichos e 1984. O motivo alegado foi que a Mobile Reference, que repassou os direitos do e-book das obras para o Amazon, não detinha legalmente esse direito.

O que mais intriga nessa história é tal supressão acontecer justamente com as obras de Orwell. O escritor britânico foi um dos principais críticos das agruras do autoritarismo, lutando com fervor contra a disseminação do ideal manipulável de coletividade social.

Presenciar a ascensão do socialismo, a intolerância do nazismo e a digressão de utopia do stalinismo não foi lá uma experiência muito conciliadora. Ele não foi nenhum teórico marxista, tampouco demagogo em suas críticas. Vendo política em tudo, o escritor captou rapidamente a mensagem quando viu Hitler seduzir uma multidão com a falácia da soberania racial, através do socialismo (traduzindo, nazismo).

Vale reiterar que, apesar do socialismo ser o principal alvo de suas duas últimas obras, ele mesmo jamais negou a afeição que tinha por este sistema político. O que realmente o intrigava era a capacidade humana de articular maldades catastróficas para satisfazer desejos pessoais. Trabalhando essa realidade, Orwell ironizou, em A Revolução dos Bichos, a malévola possibilidade de um fraco almejar o poder. A obra é situada em uma fazenda, onde os humanos dão lugares aos bichos e tentam estabelecer uma regra de conduta para se relacionarem.

Neste cenário, um porco acaba conquistando a liderança dos animais. Exercendo carismaticamente seu papel de líder, num dado momento ele acaba falhando e os demais bichos se revoltam com sua forma de 'governar'. Só que a coroa do poder caiu-lhe tão bem à cabeça, que ele resiste em ceder e passa a manter seu 'cargo' de forma autoritária. Quem obedecer, permance na fazenda; senão, rua! Daí surge a necessidade de um slogan político, estampado na entrada do rancho: "Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros".

Na correnteza desse pensamento, entende-se que a democracia é algo impossível de se concretizar na prática; talvez seja um sonho muito mais distante daquilo que o socialismo foi um dia. Sublinhando Winston Churchill: "Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".

Eficácia sócio-política, num determinado espaço geográfico, é o que demanda a chave do sucesso para a perpetuação de um incontestável sistema opressor. Essa é a problemática abordada - com um refinamento literário grandioso na escrita e no sarcasmo de George Orwell -- em 1984. Junto com Admirável Mundo Novo, novela de Aldous Huxley, essa é uma das obras futuristas que melhor retratam a realidade virtual.

Na obra de Orwell, três estados totalitários vivem em constante guerra. É mais ou menos como se fosse uma antecipação à situação de Bush nas eleições de 2004; a promessa de sua candidatura de combate ao terror foi a campanha eleitoreira que o elegeu como presidente (apesar de alguns analistas e críticos questionarem os números de sua vitória). Da mesma forma, os líderes destes três estados mantinham suas devidas situações políticas como forma de acalmar seus súditos. Com o devido carisma, o Big Brother passava o ideal socialista de boa governança, estabelecendo uma abstrata paz social sem desavenças -- nem perguntas.

O sistema político é dividido entre ministérios vigilantes que disfarçadamente supervisionam a ordem das coisas. Anos após uma batalha danada pelo domínio da massa, o Big Brother estabeleceu um contrato de conformismo com sua população, que acabou fazendo com que eles esquecessem naturalmente a origem e a razão dos acontecimentos. Provavelmente a máxima de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, foi o cerne das páginas de 1984: "Uma mentira, muitas vezes repetida, torna-se verdade". Tomando essa filosofia, não é de se estranhar que frases como "Ignorância é força" e "Liberdade é escravidão" surtissem efeitos psicológicos paradoxais quando disseminados em larga escala.

Por trás de tudo, como numa fábula conspiratória, havia as divisões da polícia, que cuidava com que seus congêneres não desviassem de conduta. O método era ultrasecreto; qualquer cidadão parado no meio da rua podia fazer parte da Polícia do Pensamento, pronta para cumprir as ordens do Big Brother de "estar vigiando você".

Ao ler as duas obras, situá-las no tempo presente é a primeira reação que se tem. Basta entrar na internet e logar no Google para ver aquele mesmo símbolo na maioria das suas 'páginas iniciais'. Esse fato alude facilmente à onipresença do Big Brother. (Nem vou citar esse programa pueril da televisão brasileira para não acabar soando redundante.)

Infelizmente, o tema tratado nas obras de George Orwell é uma realidade que já estamos vivenciando. A suposta ideia de que estamos a vontade com a internet nos faz pensar que vivemos numa sociedade igualitária e livre para o debate. (Como, por exemplo, achar que estamos fazendo revolução com o Twitter.) Mas não é bem assim; é um ideal idiossincrático, não dá para resumir numa teoria das possibilidades. Vai de cada um repensar qual o verdadeiro significado da palavra liberdade, alimentando o cérebro com conquistas intelectuais e prezando o possível para que o direito de fazer aquilo que quer nos critérios de sociabilidade seja respeitado. Essa é uma batalha que deve ser disputada por todos.

Entretanto, como o chão do mundo real nos mostra, comprar um livro digital através de um leitor de PDF's (Kindle) parece estar longe de trilhar o caminho da vitória.

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs



O rock sempre foi um ritmo decadente. Se antes ele era um ritmo diluído das raízes do blues, hoje ele é diluído ao máximo dessa vertente e influenciado por mixagens eletrônicas que o distanciam daquilo que sempre foi o seu primor: o virtuosismo.

Aliás, o que mais encanta ao ouvir um riff de guitarra, um slap de baixo, as pratadas da bateria? Saber que tem alguém tocando elas, anarquizando o sistema com suas letras, deleitando sinceridade em suas canções apaixonantes, expondo maestria nos instrumentos em que tocam...

A presença de um ser para expelir toda essa veracidade que o ritmo roqueiro exige -- por exemplo, ter conhecimento de que tem uma pessoa para cantar, uma para tocar guitarra, uma para tocar baixo e uma para tocar bateria -- foi o que acabou com o rock enquanto ritmo musical. Ao passar dos anos ele se transfigurou numa junção de fórmulas-que-dão-certo para angariar os mais diversos tipos de ouvintes.

Daí, se sobressai a iconoclastia. Isso, a mesma iconoclastia que estragou Jim Morrison e os Doors; estragou Kurt Cobain, que quis se unir aos estragados; e estragou os Sex Pistols.

O perigo da iconoclastia é que ela deteriora o ser enquanto artista para deixar que prevaleça o ser como uma figura que deve ser reverenciada por seus declínios, excentricidades e devaneios. O resultado que se tem é o eterno culto às personalidades. E então, o ser dotado desse culto deixa a música em segundo plano, usando-a para expandir o seu público e aceitação da imprensa. E o público deixa de gostar de um artista pela sua música e passa a venerá-lo por seus escândalos e atrocidades banais. E então, a massa é quem passa a ditar as regras. Se não tiver aceitação, não tem vendagem; e se é para conquistar vendagem mudando o pouco o seu ritmo, colocando um riffzinho mais calmo numa banda de metal, acariciando de mansinho o ouvido daquele que odeia o seu som, façam-no! É isso que pedem os managers. Do contrário, sem contrato, sem chance de lançar álbum novo numa grande gravadora e sem contato para shows espetaculares.

Claro que, nem todas as bandas de rock são assim. Não vou citar nenhuma, vou deixar que o leitor pense e analise a respeito, mas é nesse ambiente que o rock sempre transitou. Aí vai o porquê:

Antes do rock ser rock, ele foi blues. E o ritmo do blues, lá no início do século XX, era uma manifestação musical de negros escravos que trabalhavam na extração de algodão no Sul dos Estados Unidos. Secretamente, eles se reuniam e cantavam canções de amores perdidos com acordes escopados, formando uma sonoridade intensa que trazia imensa sinceridade em suas letras. Nas palavras de Son House, um bluesman dos grandes: "O blues sempre foi e sempre será uma canção de amores perdidos. Os jovens me vêm com diversas separações do blues, mas ele sempre será uma canção de um homem ou uma mulher que perdeu seu amado e chora por não tê-lo de volta".

Até aí, o ritmo era focado nas letras, no lirismo das canções. Eis então que surge Robert Johnson, uma lenda da guitarra nos anos 30, e entoa clássicos da época ritmados em harmonias flamejantes. Sua curta vida de músico só o permitiu deixar um legado de 29 canções, das quais se encaixam o verdadeiro retrato da escravidão do início do século no sul dos Estados Unidos. "Hell Around On My Trail" e "Sweet Home Chicago" são algumas faixas de sua autoria. Reza a lenda que ele aprendeu a tocar guitarra com essa maestria após fazer um pacto com o demônio num cruzamento de ferrovias ao sul do Estado. Mito ou verdade, o fato é que ele era um grande músico.



E, além das canções, ficou o legado da necessidade do virtuosismo para se fazer música. Keith Richards, Eric Clapton, Chuck Berry e Steve Ray Vaughan beberam da fonte de Johnson para inspirar melancolias e ensejos, ao mesmo tempo, nos riffs e solos de suas guitarras.

Essencialmente da música negra veio o conceito de rock. Quando Sam Philips descobriu Elvis Presley, ele o orientou a cantar como os negros, sentir aquela química com a música como eles sentiam. O que resultou disso? Um ícone que é tido como o 'rei do rock' por ter tragado essas influências e exibido uma performance estrondosa diante do público e das câmeras. Une-se, ainda, o simples fato de todo esse espirituosismo estar na pele de um branco.

Depois de Elvis, Beatles e Rolling Stones seguiram seus passos naquilo que se chama de concetração da música em show business, o que significa vendagem. Com o crescente número de gravadoras enchendo os bolsos com essas personalidades artísticas, as imposições e pressões para gravarem suas músicas aumentavam exponencialmente. Aí vem a diluição do objeto artístico enquanto expressão de ideias para se tornar um objeto para conquista de massas -- vide Walter Benjamin e entenderá.

Com o passar dos anos, o rock se transformou nisso: num padrão de comportamento pseudo-rebelde calcado pelo objetivo de atrair novos públicos. Partindo desse pressuposto, o rock não é mais aquela energia atrativa, aquela corrosão de ideais anárquicos, uma expressão libertária, um lirismo apaixonante; tomou parte dessa vantagem enquanto música para vender para o grande público -- e adaptar suas canções a partir daquilo que o grande público deseja ouvir. O que diferencia é que antes se pensava em música de qualidade mesmo com os perigos do 'culto à personalidade' e o delírio dos fãs; hoje, a diluição foi tão grandiosa, que o rock que transformou em arquétipo do grande público. E virou uma verdadeira merda!


Obs: Nem todas as bandas de rock antigas e atuais transitam nesse terreno carcomido que citei no texto acima. Sempre houve e sempre haverá bandas e artistas de qualidade única, que podem ou não ser descobertos pelo grande público. Quando citei esse âmbito do rock, foi para explicar como a decadência tomou conta do ritmo. Afinal, não vivem dizendo que o rock morreu? Eu, particularmente, penso que morreu e já se enterrou há muito tempo.

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs
sexta-feira, 10 de julho de 2009

Vivemos a era do single

A era do álbum já era. E, quando afirmo isso, não ponho em xeque o fato do consumidor não ir mais à loja para comprar música; o ouvinte não mais escuta uma obra musical partindo do conceito de que uma gama de canções completam um conteúdo artístico único.

Isso porque a internet mudou os padrões de se ouvir música. Ao contrário dos aparelhos de sons e vitrolas, em que colocamos um CD/vinil para rodar por completo -- movidos pela magia da compra de um álbum com seus encartes -- hoje o internauta tem facilidade para criar uma playlist própria que contemple as músicas que mais gosta. Ou seja, ao invés da era em que os amantes de música ficavam ávidos pelo próximo álbum do artista, hoje o consumidor fuça ávido por uma música que tenha vazado na rede. É a chamada era do single.

Na verdade, nem sempre o conceito de álbum fez parte da cultura musical. Antes da explosão dos Beatles, artistas populares de jazz, blues e rock'n roll exibiam suas canções através de espetáculos movidos pelo show business e pelas grandes produtoras/gravadoras de áudio. Mesmo porque as long-plays dos anos 40 e os primórdios do vinil no final dos anos 50 não suportavam a mesma quantidade de músicas que o CD e o auge do "bolachão" (anos 60-80) armazenavam. Então, como que a popularidade era conquistada? Com as explosivas apresentações ao vivo, proporcionada, mediada e impulsionada pelos grandes managers, tal qual Sam Philips e Berry Gordy Jr. E, claro, fortemente auxiliados pela febre do rádio nos anos 30-40, que moldaram o comportamento e definiram, de uma vez por todas, o conceito de cultura pop.

Os Beatles, principalmente a partir de sua fase psicodélica -- teoricamente iniciada em 1965 --, lançaram o primeiro trabalho que amadureceria o conceito de música numa banda popularesca: Rubber Soul. Influenciados pela maestria lírica e extrema profundidade sonora de Bob Dylan, este álbum dos Beatles explorou os mais variados sons possíveis para compor a obra. Mas, o conceito de álbum mesmo veio com Pet Sounds, dos californianos dos Beach Boys. O trabalho pensou em todos os singles como fragmentos autorais que estão intrínsecos a uma obra singular. Eles - Brian Wilson - uniram todas as influências possíveis e arquitetaram uma obra magistral que pressupunha todas as nuances de um amor adolescente perdido, vago pelas substâncias da maturidade. Não à toa, Pet Sounds foi uma influência declarada de Rubber Soul.

Entretanto, foi com Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, em 1967, que o beatle Paul McCartney convenceu os demais integrantes a formarem uma peça autoral que definisse os estágios sentimentais de um personagem que eles criaram, o Sargento Pimenta. A partir daí, os grupos de rock, músicos de jazz e demais expoentes da música popular começaram a aproveitar a vantagem de montar um conjunto de músicas pensando num trabalho único. Foi a partir dessa ideia que nasceram os clássicos do porte de Dark Side Of The Moon, do Pink Floyd; Horses, de Patti Smith; Songs In The Key Of Life, do Stevie Wonder; e The Rise and Fall Of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, do David Bowie. (E, claro, muitos outros.)

O ouvinte, a partir desse conceito, também encarava a música de uma forma mais complexa. Por exemplo, ele se esforçava em entender porque o Jimi Hendrix colocava "Hey Joe" como a faixa 1 de seu primeiro álbum, ao invés de sua mais conhecida, "Purple Haze". E era justamente aí que se encaixavam as estratégias de cada manager para angariar novos ouvintes e agradar ainda mais os fãs de determinado artista.

Pensando assim, é como comparar um álbum a um livro: enquanto uma obra literária é dividida por capítulos, o trabalho musical se dividia pelas músicas. E aí tudo muda. Por exemplo, Sgt. Pepper's é considerado o melhor álbum de todos os tempos por muitos críticos, mas não apresenta nenhum single de grande sucesso dos Beatles, tal qual "Let It Be", "A Hard Day's Night" ou "Hey Jude". São 13 faixas que formam um conjunto.

A partir desse pressuposto que os críticos musicais avaliavam os trabalhos lançados. Citavam as músicas, faziam uma sucinta análise de cada single, e pensavam no álbum como um todo para escreverem suas críticas.

Mas, agora, parece que tudo isso tende a se dissipar.

O aperfeiçoamento do walk-man ao iPod permitiu que os ouvintes criassem 'o seu próprio álbum'. Talvez isso seja uma influência dos disc-jockeys, que a partir dos anos 90 tornaram-se produtores musicais e tocavam seus sets juntando um aglomerado de remixagens formando 'o seu próprio álbum' e ganhando notoriedade artística. Com o advento da música eletrônica, o set pré-estabelecido foi sumindo, dando lugar à improvisação do DJ, movido pela energia das pistas e empolgação do público. Daí, o que se tem? Uma junção de hits comerciais (ou que acabam se tornando comerciais) que formam uma unidade abstrata, inexistente. Do álbum, partiu-se para uma adaptação às emoções dos ouvintes. Não é mais a iconoclastia, as vontades, os ensejos, as alucinações do artista que são expostas através das faixas; é a vontade do público em querer ouvir o que quer que dá as diretrizes das canções -- pensando no DJ.

Já o álbum comercial perdeu seu valor e tornou-se um amontoado de singles que fizeram ou não sucesso nas rádios. Basta ver o que se tornou Charlie Brown Jr., com o passar dos tempos, e as atuais como Fresno, NX Zero, Rihanna e mais um monte que não tenho conhecimento e nem capacidade de citar.

E isso é uma síndrome de decadência do poder do rádio/show business. Por mais que estivessem por trás de investimentos gigantescos dos managers e de uma publicidade poderosa, ainda se fazia música de qualidade. James Brown, Rolling Stones, Michael Jackson, Ray Charles são alguns claros exemplos. Hoje, o que se pode citar?

Foi devidamente essa decadência e a imposição de um padrão arcaico para novos artistas que destruiu de vez a qualidade da indústria fonográfica. Agora, destacam-se músicos independentes que integram suas influências criando obras únicas, que ainda refletem o ciclo de mudanças em que a cultura musical está inserida. Felizmente, com a internet e a facilidade de produzir música, há uma leva de bons artistas garantindo destaque na cena -- assim como há uma leva de baboseiras também, logicamente.

Só que, diferente de pensar uma obra conjuntural, investe-se mais na produção de músicas soltas. E, a partir da aceitação deles, cria-se um álbum que contempla um conjunto de singles. Tudo para que o consumidor selecione as melhores canções e monte sua própria playlist, para ouvir enquanto caminha pelas ruas ou enquanto mexe no computador.

Novas estratégias podem ser pensadas tomando essa especificidade, mas a beleza, a interrogação, o prazer de se escutar um álbum como uma obra magistralmente orquestrada, jamais deve ser deixada de lado. E isso ainda pode ser valorizado, mesmo por essa cultura cibernética do iPod: basta escutar cada álbum como se fosse um single.

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs


Finalmente foi lançado meu livro digital pela
Mojo Books. O site funciona como uma editora digital que permite autores criarem uma história fictícia, tendo um álbum como inspiração. Na história, não podem estar mencionados os nomes das músicas, os artistas e nem as letras.


O álbum Fun House, dos Stooges, foi o ponto de partida para meu livro digital, que contém 23 páginas em PDF. (Ah, também escrevi sobre a importância dos Stooges no movimento Punk aqui e aqui.)

Recomendo que, enquanto estiverem lendo, escutem o álbum Fun House, que segue abaixo. Isso se vocês gostarem de rock pesado. Senão, dispensem a audição e prestem atenção na literatura. Boa leitura e boa audição!




Abaixo, segue um trecho do primeiro capítulo:

— Droga! Que vagabunda! — era a exaltação de Hermes toda vez que tomava um inesperado fora de uma garota.

Ele era estupidamente tímido, um verdadeiro contraponto aos seus ousados planos de vida. Acabara de entrar para a fase adulta com intenção de se formar em Medicina e especializar-se em Oftalmologia. Nem ele sabia o motivo, razão ou circunstância dessa escolha. Queria porque queria, simples assim.

Infelizmente, seu desejo não se realizaria na prática. Pouco tempo depois iniciaria a faculdade de Rádio/TV.

Também tinha vontade de casar, ter filhos, esses ilusórios desejos de ingênuos sonhadores. Mais uma vez, veria seus planos irem pra sarjeta. Tomou como filosofia de vida o conselho de uma prostituta, que engravidara por se esquecer de tomar o anticoncepcional após uma trepada selvagem.

Imbecil seria o melhor adjetivo para julgar este rapaz. Só tinha transado uma vez na vida porque uma garota do colégio achava que ele tinha carro. Só foi descobrir a farsa depois de ter feito sexo com ele. Que experiência horrível!

Em seus devaneios, começou a analisar a porcaria que era sua vida e tentou achar um culpado. Seria Linda, por quem era cegamente apaixonado? Sua mãe, por não ensinar, desde criança, a lidar com a brutalidade dos acontecimentos? Pequeno Príncipe? Os vinis de blues do seu avô?

Tomou uma atitude precoce: foi procurar Walter. Walter fazia o tipo doidão. Plantava secretamente cannabis no sítio de seu tio para vender no bairro. Tinha contatos com renomados traficantes e conseguia, a preço de bagatela, a droga que seus clientes quisessem consumir. Pegava mais barato nas bocadas e vendia a um preço mais elevado para ”seus parceiros”.

— Tem pó?

— De cinco ou de sete?

— Me dá logo o de sete?

— Está na mão! Conhece quem gosta da seringa?

— Hum… eu! Por quanto? — disse subitamente Hermes.

— Dez em dose dobrada pra você.

— Fechou!


Para ler o livro, que está em formato PDF, clique aqui.

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs


A História se repete, só que em outro espaço geográfico. Honduras, um dos países mais pobres da América Latina, sofreu um golpe militar de Estado no dia 28 de junho, quando o presidente de cunho esquerdista, Manuel Zelaya Rosales, foi sequestrado pelo Exército e exilado para a Costa Rica. De maneira parecida, nosso país rabiscou essas mesmas linhas tortas em 1964, quando João Goulart, com suas ideias reformistas, foi exonerado do cargo da Presidência da República pela direita militar.

Ontem, o governo hondurenho presidido por Roberto Micheletti decretou Estado de Sítio - situação em que o país, censurado, impõe toque de recolher e controla, de maneira violenta, as repressões dos dissidentes ao governo. Isso, menos de cinco dias após a tomada do poder.

Apavora os representantes da direita de Honduras a crescente onda esquerdista na América Latina. A exemplo da Venezuela de Hugo Chávez, líderes do porte de Rafael Côrrea e Evo Morales vêm demonstrando interesse em perpetuarem-se na liderança governamental de suas respectivas nações, criando referendos que permitam a reeleição sucessiva. Inclusive, essa foi a arma dos militares para deporem Zelaya.

Honduras é considerado o segundo país mais pobre da América Central. Segundo dados do Programa Especial Para La Seguridad Alimentaria de Centroamérica (PESA) (divulgado pelo blog de Idelber Avelar), 56,8% da população hondurenha é indigente. De um total de 7,79 milhões de habitantes, 79,7% são considerados pobres.

Eleito em 2005 por uma ala centro-direita, Zelaya causou temor aos conservadores por manter uma relação política simpatizante com Hugo Chávez. Todavia, não contavam com o apoio internacional que o presidente expulso de seu país receberia de toda a América, inclusive do presidente dos EUA Barack Obama.

Mesmo assim, Micheletti não dá o braço a torcer:
"Não podemos chegar a um acordo porque há ordens aqui para capturar o ex-presidente (Manuel) Zelaya por crimes cometidos quando era um oficial", disse Micheletti em entrevista concedida em seu escritório no quase vazio palácio presidencial, atualmente cercado por vários soldados. "Ele nunca voltará ao poder", disse Micheletti sobre Zelaya. "Ele pode voltar após resolver seus problemas (legais). Ele poderia aspirar ser um político no Congresso ou um prefeito de sua cidade", sugeriu Micheletti.


O embaixador brasileiro em Honduras, Brian Michael Fraser Neele, foi ordenado pelo Itamaraty a permanecer no Brasil. Neele estava em férias no momento do golpe. Obama afirmou não aceitar a legitimação de um governo autoproclamado pela força. A União Europeia também repudia o Golpe. A OEA (Organização dos Estados Americanos) ameaçou expulsar Honduras do bloco, assim como fizeram com Cuba em 1962, quando Fidel Castro derrubou a ditadura de Fulgêncio Baptista.

Só que a História é alvo de si mesma. Se antes o mundo estava muito mais suscetível aos golpes direitistas, hoje a realidade aparenta ser diferente. Das muitas hipóteses que podem ser citadas, três fatos interferem de maneira significativa para que o período sombrio que assolou a América Latina nos anos 70-80 tenha grandes chances de não se repetir:
  1. A experiência de vivenciar ditaduras e 'ditabrandas' corrosivas para a democracia. Só na Argentina, entre os anos de 1976 e 1983, o cala-a-boca mais cruel da América Latina, imposto pelo ditador Jorge R. Videla, assassinou mais de 30 mil civis entre crianças, idosos e revolucionários. No Chile, Augusto Pinochet também aniquilou por volta de 25 mil entre os anos 1973-1990. O Brasil, apesar de não apresentar um elevado número de mortos como Chile/Argentina (o que não o torna uma 'ditabranda'), viveu o período mais longo sob o espectro da repressão: de 1964 a 1985.
  2. A globalização e o forte impacto das redes sociais. Por mais que o mundo disponha de informação abalizada da imprensa, agora reduzem-se as chances da grande imprensa (tal como a Globo, em 1989) patrocinarem Golpes de Estado e elegerem os candidatos à sua imagem e semelhança. Com a disseminação do Facebook e, principalmente, do Twitter, o povo que está presenciando a tomada do poder tem liberdade de expressão para clamar e denunciar as tiranias que envolvem seu país. O boicote das eleições iranianas é um grande exemplo.
  3. Com Barack Obama no poder, podem criticar, vociferar, estardalhar... mas a realidade muda completamente. Se antes os Estados Unidos tinha um presidente direitista e beligerante, com o intuito de espalhar ideologia consumista e homogeneizar a cultura americana, agora a maior potência mundial é governada por um líder que preza as relações políticas com a América Latina, tem um projeto econômico e social que envolve o globo como um todo e repudiou (algo inédito para um país que apoiou as ditaduras latinoamericanas na década de 60-90) o Golpe de Estado dos militares em Honduras.
Ou seja, teoricamente tudo está rolando em prol para que o presidente hondurenho deposto volte a exercer o cargo. Mas, nem sempre a intervenção de outros Estados pode mudar um regime vigente. ONU, EUA, Brasil, Europa, América Latina, todos podem ser contra, mas isso não quer dizer que a pressão mundial é totalmente eficaz em destituir do poder os tiranos instalados.

Por mais irônico que pareça, componentes da burguesia de Honduras e parte da imprensa estrangeira - da qual a brasileira se inclui - demonstram interesse na ditadura de Micheletti. O jornal El País, analisando o estado de sítio no país, conversou com um advogado trabalhista hondurenho como fonte da reportagem:

"No necesitan recortar las libertades, porque el país no está ardiendo y las manifestaciones contrarias al golpe no son ni muchas ni muy numerosas", explica Oswaldo, un abogado laboralista, "pero se ve que Micheletti no está seguro de los apoyos con los que cuenta y quiere amedrentar a la población".


O Jornal da Globo e o Portal Uol publicaram a errônea notícia de que a consulta presidencial feita no domingo em Honduras era sobre o segundo mandato. Na verdade, era uma consulta sobre uma Assembleia Constituinte que tornasse viável o referendo popular para a quebra da Constituição, que permitia apenas um mandato por governante. Essa informação foi coletada, apurada e sentenciada por @iavelar, que está espalhando notícias acerca de Honduras através do Twitter. (Recomendo que sigam-no.)
Zelaya, cujo apoio popular havia caído para níveis de 30% em meio à crise econômica, foi deposto quando promovia uma consulta não-vinculante sobre a reeleição presidencial. Essa consulta tinha a oposição da Justiça, dos militares e de setores do empresariados, dos políticos e da Igreja.
Pelo andar da carruagem, Micheletti não pretende dar o assento presidencial de volta à Zelaya. O ditador apresentou à Interpol a acusação de que o presidente deposto usurpou funções, abusou de autoridade e traiu a pátria. Para ele, essa seria a condenável justificativa para que o golpe dos militares seja legitimado. Honduras fica atrás apenas da Guatemala no ranking dos países mais pobres da América Central. A renda per capita média para cada cidadão, segundo dados do PESA, é de 2,876. A Guatemala apresenta quase o dobro: uma média de 4,313.

Além do mais, os hondurenhos dependem dos Estados Unidos para que sua pequena
economia gire. Com base na agricultura, cultivando café e banana, os ianques respondem por 67% das exportações e 52% das importações do país, o que garante um Produto Interno Bruto (PIB) de US$13,78 bilhões, tomando como base os dados da CIA World Factbook.

Portanto, Obama pode muito bem cortar as relações com um país que vive nos espectros da ditadura e comprometer toda a economia do país. Lá, as pessoas já não vivem bem. A imprensa insiste em noticiar que são poucos os manifestantes pedindo a volta de Zelaya, que também não garantiu muitos avanços em Honduras. Todavia, estudantes e revolucionários vão às ruas, sim, protestar contra essa imposição autoritária. Podem ou não ser simpatizantes do governo Zelaya, mas reinvidicam a favor da democracia, que não pode ser obstruída dessa maneira.


Com o passar do tempo, isso pode ou não reforçar a figura política de Zelaya no contexto internacional. Mas isso nem é a preocupação. O que se põe na balança é: como vai ficar o povo hondurenho?

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs
quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sobre o Autismo - Links

Através da página de Luís Nassif, li o relato de um pai de uma criança autista que reclama a falta de divulgação e de atenção da mídia para o problema do autismo, que é alvo de preconceitos por ser estigmatizado como uma doença.

Na verdade, o autismo é um comportamento individualista influenciado por uma deficiência que se manifesta geralmente na infância.

Eu, junto com um grupo de colegas da faculdade (+ @CleberArruda [o cara!], @VitorDavied, Luize Altenhofen, Renato Lavdovsky, Ronaldo Sanaie e @Alvaro_Saraiva_), desenvolvi um trabalho com os autistas, através de uma ideia de reportagem multimídia.

O trabalho completo, que tem rendido bons frutos, está postado no blog Intelectuautismo.

Sei que o autismo merece muito mais profundidade, já que é ignorado por uma fatia grotesca da imprensa brasileira. Para contornar essa escassez de conteúdo, o blog revela muitas informações sobre a deficiência, mostra o tratamento de pais, educadores e psicólogos com as crianças autistas, além de apresentar a musicoterapia, uma forma de entender os sentidos e os movimentos das crianças.

Para mais informações, recomendo que visitem o site do AMA (Associação de Amigos do Autista).

Compartilhe este Post:
MySpace Agregar a Technorati Agregar a Google Agregar a Yahoo! Adicionar ao Blogblogs
Related Posts with Thumbnails